Recorde do arroz no campo eleva pressão no bolso do consumidor
A saca de arroz chega ao valor recorde de R$ 120 no Rio Grande do Sul, principal estado produtor brasileiro. Essa alta reflete ainda o cenário dos anos recentes, quando a falta de liquidez das lavouras do cereal levou muitos produtores a trocarem parte da área de arroz por soja.
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O país colheu a menor área de arroz das últimas décadas neste ano. A produção encolheu e os preços subiram. A alta está sendo incrementada, ainda, pela conjuntura externa de redução na oferta do cereal.
O cenário parece estar mudando. As estimativas são de aumento de área e de evolução da produção nacional. Essa mudança ocorre porque os preços da soja recuaram e deram novo suporte ao plantio de arroz, embora ainda tímido.
A área deverá subir para 1,56 milhão de hectares no plantio que está sendo realizado agora.
Se confirmada, uma vez que as ocorrências climáticas têm atrapalhado a semeadura, a área cresce 5%, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), elevando a produção nacional para 10,8 milhões de toneladas.
Essa recuperação de área e estimativa de aumento da produção não deixam, no entanto, as indústrias tranquilas. As adversidades climáticas podem reduzir a produtividade, e o cenário internacional é de pouca oferta de produto.
Com isso, a procura pelo cereal está muito grande internamente neste mês, empurrando ainda mais os preços para cima. As indústrias se prepararam para eventuais atrasos da safra de janeiro e de fevereiro.
Os custos que vêm do campo passam para o setor industrial e chegam ao varejo, segundo Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, de Curitiba (PR).
A embalagem de arroz do produto mais nobre nos supermercados já chega a R$ 36. A dificuldade de importação e a entressafra atual devem segurar os preços em patamar elevado.
Devido às condições climáticas, a safra mundial de 2023/24 deverá ser de 518 milhões de toneladas, menor do que a prevista inicialmente, e o consumo cresce em vários países. Entre eles, o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) coloca Índia e Brasil.
Os preços internacionais do arroz, ao contrário dos das demais commodities, mantêm alta. Em novembro de 2022, a tonelada do cereal comercializada pelo Uruguai, um dos fornecedores do Brasil, estava em US$ 550. Neste mês, atingiu US$ 750, o mesmo valor do produto dos EUA, segundo o Usda.
No Vietnã, outro importante produtor e exportador de arroz, a tonelada subiu de US$ 450 para US$ 676 no mesmo período, segundo o órgão americano.
Com o aumento dos preços internacionais, as exportações brasileiras renderam US$ 547 milhões de janeiro a outubro deste ano, 6,5% a mais do que em igual período de 2022. O volume exportado atinge 1,57 milhão de toneladas, com recuo de 6%, segundo a Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria de Arroz).
O Brasil vem aumentado a participação no comércio mundial em países antes compradores dos Estados Unidos. Na lista dos principais importadores brasileiros neste ano estão México, Venezuela, Costa Rica e Senegal.
O preço médio da saca de arroz negociada no Rio Grande do Sul subiu para o recorde de R$ 111 neste mês, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A alta é de 34% em relação aos valores de novembro de 2022.
O consumidor já começa a pagar por esses reajustes ocorridos no campo. Em outubro, o arroz subiu 3,3% nas gôndolas dos supermercados. No ano, a evolução é de 14%. Em 12 meses, atinge 20%, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
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