Aniversário do RJ: cacique fundou cidade junto com portugueses

Quem procurar no Rio de Janeiro por uma estátua de Arariboia, cacique do século 16 que liderou numerosas batalhas decisivas para a fundação da capital fluminense, não a encontrará. O monumento existe no centro da vizinha Niterói, também fundada por ele, mas não no Rio.

Essa ausência é questionada por Rafael Freitas da Silva, jornalista e biógrafo de Arariboia. Segundo ele, o indígena não só foi fundador e protetor do Rio de Janeiro em seus primeiros anos como o principal personagem da cidade nessa época.

Expedições portuguesas deram início à colonização no atual litoral paulista em 1532. Já na Baía de Guanabara, começavam a aparecer comerciantes franceses em busca de Pau Brasil, pimenta, animais e escravizados. Em 1555, os franceses chegaram a criar uma colônia no local, a França Antártica.

tupinambá  - Domínio público - Domínio público mapa rj - Domínio Público/Reprodução  - Domínio Público/Reprodução Mapa de Luís Teixeira Albernaz, c. 1574. É possível ver a localização da aldeia de Arariboia nos primeiros anos após a conquista da Guanabara

Ali, ele se tornou uma figura respeitada e conhecida de São Sebastião do Rio de Janeiro. Seu casamento foi o principal evento da cidade no ano de 1570: estavam lá o governador e os principais donos de terras. Por conta de suas posses e prestígio, seus filhos e parentes eram cobiçados pelas famílias da cidade.

Além disso, ele usava da sua influência para conseguir que indígenas fossem pagos pelos trabalhos que faziam, como a construção dos fortes na Baía de Guanabara e a participação em expedições, quando a regra era o regime de escravidão.

Arariboia morreu já idoso, por volta de 1589, provavelmente vítima de uma epidemia de varíola. Apesar de os jesuítas o descreverem como cristão fervoroso, um padre de passagem pelo Rio de Janeiro registrou que, nos seus últimos momentos, ele falava de uma viagem para reencontrar seus ancestrais, crença ligada à espiritualidade indígena.

"A gente precisa repensar a nossa história, ela foi contada pelos conquistadores, pelos portugueses", reflete Freitas da Silva.

Em vez de julgá-lo com os olhos de hoje, o biógrafo propõe entendê-lo de acordo com sua época e destaca sua altivez:

"Ele não era uma marionete dos portugueses, em vários momentos ele se impõe, se coloca. Os portugueses não davam nada realmente aos indígenas, ele conquista isso. Prefiro olhar o Arariboia como um protagonista indígena na nossa história".

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