Na contramão: ela comprou uma igreja e transformou em centro cultural no RJ

💥️Estamos acostumados a ver igrejas cristãs comprando cinemas e transformando em templos, mas em Valença, no Rio de Janeiro, essa história foi diferente. A musicista carioca Juliana Maia, 38, fez o caminho inverso e transformou uma igreja em centro cultural para atender crianças em situação de extrema pobreza no sul do estado fluminense. Tudo em menos de quatro meses, graças à ajuda de fãs e amigos. Hoje ela conta com doações para manter o trabalho.

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A ideia surgiu em maio de 2022, após Juliana conhecer de perto a realidade da comunidade que vive às margens da linha do trem em Pedro Carlos/Linha, como é chamado o local onde há anos existe apenas uma ferrovia abandonada na região serrana do Rio.

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💥️O centro cultural recebeu o nome da fundadora e replica outro projeto social criado por ela na cidade vizinha de Conservatória, o "Harmônicos de Conservatória". Ele nasceu em 2015, a partir de experiências de Juliana Maia, quando morou em países como Argentina e Japão.

"Criamos uma escola de base musical onde as crianças aprendem instrumentos de iniciação como flauta, trompete, trombone e formamos uma orquestra que já se apresentou no Teatro Municipal do Rio e recebeu até convite para tocar na Europa", orgulha-se.

Em oito anos, o Harmônicos de Conservatória atendeu mais de seiscentas pessoas, sendo crianças e adolescentes com idades entre 5 e 17 anos.

💥️Em Valência, a ideia é replicar o mesmo projeto, mas com adaptações para a realidade local. Juliana explica que não há estatísticas oficiais sobre quantas pessoas vivem na região de Pedro Carlos/ Linha, mas há uma estimativa de que haja pelo menos 100 famílias.

"São pessoas que vivem sem rede de saneamento básico, em ocupações irregulares, sem qualquer apoio. Por isso o modelo do projeto deve ser diferenciado lá?.

💥️Inicialmente, explica a musicista, setenta crianças já estão cadastradas para participar das atividades. Lá a faixa etária é de 5 a 14 anos. O espaço terá, além da iniciação musical, um ponto de leitura e aulas de judô.

Outro objetivo do centro é fomentar a economia criativa para ajudar as mulheres que vivem na região.

"É preciso ajudar as mães, com atividades que não precisem sair de casa, já que a região não tem creche. Queremos investir na economia criativa com cursos como artesanato e culinária".

Eu acredito que a cultura é a maneira mais rápida e eficaz de criar oportunidades e novos horizontes. A música, a arte, a cultura reverbera na família, na comunidade, no estado e no país e a economia criativa muda um ciclo, cria um mais sustentável, menos insalubre e mais igualitário. 💥️Juliana Maia.

"Entrei em um teatro pela primeira vez graças a minha filha"

1 - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal

A recepcionista Josiane Dias Gouveia, 40, tem duas filhas no "Harmônicos de Conservatória", orquestra do projeto que inspirou o centro cultural de Valença. Isadora, 15, toca violencelo e Lorena, 12, violino.

A mãe conta que elas começaram bem cedo e já pensam em seguir carreira na música. "Elas são muito interessadas, procuram vídeos na internet. Pesquisam opções de como podem trabalhar com música, onde podem se apresentar", orgulha-se.

Morando em uma cidade pequena e com nenhuma oportunidade no ramo, para Josiane, o projeto era a única forma de suas filhas descobrirem esse talento. "Apesar de sermos considerados como a cidade da seresta, não tinha nenhum curso aqui. É uma verdadeira bênção que o projeto seja gratuito", diz.

Josiane faz parte de uma parcela da população que não migrou para os grandes centros e diz que permanecer na cidade a privou de muitas coisas. Uma delas foi nunca ter ido a um teatro. Desde que entraram na orquestra, Isadora e Lorena já se apresentaram em vários lugares, entre eles o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde a mãe foi pela primeira vez.

"Eu nunca tinha tido a chance de entrar em um teatro na minha vida e hoje eu tive através das minhas filhas. Me emocionei muito por elas terem oportunidades que eu não tive".

A professora de educação física, Noemi Pereira, 56, tem uma história semelhante. Mas o filho Fábio Pereira, 11 anos, namorava o projeto desde cedo, quando passava pela porta do teatro. Até que, aos 7 anos, a mãe o matriculou . Após a iniciação musical, ele se apaixonou pelo violino e por Pixinguinha. "Ver meu filho tocando Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga é sensacional!", diz.

Eu noto que ele trouxe isso da música, a disciplina, a concentração. Ele se tornou mais observador e eu vejo isso refletido nos estudos, no dia a dia dele na escola. 💥️Noemi Pereira

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