Não é meme se ferir alguém, se a coloca em risco

Todas as vezes em que alguém atravessou a rua quando o viu, e ele só queria saber as horas. Estava atrasado, mas não sabia o quanto.

Todas as vezes em que ganhou um segurança particular quando foi às compras, só ele e mais ninguém por ali. Ainda não sabia nomear o desconforto, mas já sabia sentir.

Todas as vezes em que brotou uma justificativa meio de última hora na boca da pessoa que sentou ao seu lado, só tinha aquele assento livre. Preferiram ir em pé, esperar o próximo trem. Um dia, até o próximo ônibus.

Todas as vezes em que a porta giratória do banco em que tem conta há 10 anos, no qual vai há 10 anos, onde chama todo mundo pelo nome, travou. Apitou. Gritou e todo mundo olhou, só com o barulhinho que todas conhecem o que anuncia: suspeito.

Todas as vezes em que o segurança perguntou se era entregador, mas ele era o morador. Se havia errado a entrada, mas era o convidado do dia naquela faculdade. Se ele poderia tirar o boné e o óculos, com uma turma passando ao lado de chapéu, paletó. E óculos. E ninguém falando nada.

Precisamos recusar a Internet como uma grande fogueira on line, em que você e eu podemos ser a próxima Joana D'arc. Pelo menor e pelos maiores erros. Mas não é possível ignorar o que acontece por ali e que pode nos ensinar a errar diferente da próxima vez.

No fim, é só isso: um pedido para errarmos em coisas diferentes da próxima vez. Por que os erros sempre ferem os mesmos, as mesmas. E a gente começa a desconfiar que não é uma coincidência. E a gente só quer que coisas assim não aconteçam mais.

Não precisa de muito para sabermos o risco de reduzir as pessoas a estereótipos. Acho que já aprendemos sobre isso, desde a escola. O risco em que as colocamos quando as transformamos em memes, em algo supostamente engraçado (pra quem?), uma leitura preconceituosa e reducionista do outro.

Ainda pior quando você tem dezenas de seguidores nas redes sociais, milhões deles. Te seguem porque acreditam em você, porque você as ajuda a formular um jeito de ver o mundo. É preciso ser atento e forte, sua responsabilidade é imensa. Será um problema grave se suas "piadas", se aquilo que considerar "engraçado" causar dor a alguém. Aquela emocional, em muitas das vezes, mas a física também.

O que começa com um "meme" pode terminar com alguém desaparecido para uma mãe desesperada, porque não acha o filho desde ontem. E alguém no canal de TV que autoriza tudo aquilo: também, sai na rua vestido parecendo um ladrão. Como o cidadão de bem vai saber a diferença?

O que você está lendo é [Não é meme se ferir alguém, se a coloca em risco].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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