Juros levam deterioração à indústria de conteúdo tecnológico mais elevado

Entre o início de agosto do ano passado e outubro deste ano, a taxa básica de juros, ou taxa Selic no jargão do mercado, foi reduzida em um ponto percentual, saindo de 13,75% para 12,75% ao ano, níveis ainda extorsivos, que continuaram estrangulando o investimento e, portanto, as possibilidades futuras de crescimento da economia. No mundo real, o arrocho gerado pela política monetária tem produzido distorções em série ao levar deterioração aos setores industriais que operam com níveis mais elevados de conteúdo tecnológico e tornar mais dramáticos os níveis de desigualdade e de iniquidade no País.

Entre as empresas, o arrocho monetário ganha outra dimensão, com os juros assumindo proporções ainda mais escorchantes, agravadas por um dado objetivo – os juros cobrados das pessoas jurídicas, na média, não se moveram e, na verdade, chegaram mesmo a subir ligeiramente naquele período, com elevação do chamado “spread” bancário.

Os bancos cobravam das empresas, em média, juros em torno de 22,7% ao ano em agosto do ano passado, quando a taxa básica começou seu lento a arrastado movimento de baixa. Em outubro deste ano, com a taxa Selic estacionada em 12,75% ao ano, os juros impostos às empresas atingiram 22,8%. O “spread”, que corresponde à diferença entre as taxas pagas pelos bancos a investidores/especuladores que “emprestam” seus recursos ao sistema financeiro em troca de uma remuneração e os juros cobrados das famílias e das empresas, foi elevado de 8,90% para 9,60% (ou seja, mais 0,7 pontos percentuais).

O setor financeiro pode até mesmo argumentar que a alta dos “spreads” se deveu ao avanço da inadimplência entre as empresas, no segmento de recursos livres (quer dizer, sob taxas e condições em princípio não determinadas pelo setor público). De fato, a proporção dos empréstimos com atraso acima de 90 dias em relação ao crédito total contratado pelas empresas saltou de 1,80% para 3,50%, num incremento de 1,7 pontos percentuais. A questão é que o crescimento da inadimplência pode ser relacionado, ao menos em parte, às condições escorchantes impostas pelos bancos aos tomadores de empréstimos e financiamentos.

💥️Frustação e arrocho

O desempenho frustrante da indústria ao longo do ano pode ser atribuído, em alguma medida, a política de juros altos, como observa o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). “No centro do marasmo que marca 2023 estão as atividades mais negativamente impactadas pelo elevado nível de taxas de juros que ainda persiste no país. Por isso, a continuidade e talvez a mesmo a aceleração da fase atual de baixa da taxa Selic pelo Banco Central é tão importante”, argumenta o instituto. E os juros, na ponta, continuam muito acima da taxa básica, encarecendo o crédito e desestimulando decisões de investimento.

💥️Balanço

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