Futebol na China mais “equilibrado” após período de exuberância e fal&ec

“Os nomes dos jogadores contratados são menos sonantes, mas a competitividade é maior”, explica Pedro Neto, empresário português de 44 anos que intermediou nos últimos tempos algumas transferências de jogadores para clubes chineses. Futebol na China mais “equilibrado” após período de exuberância e falências, relata agente português Beijing Guoan's Zhang Xizhe (C) celebrates with teammates after scoring during their Chinese Super League football match (CSL) with Meizhou Hakka FC at the Workers' Stadium in Beijing on April 15, 2023. (Photo by AFP) / China OUT AFP or licensors

O campeonato chinês de futebol está mais “equilibrado” e “estruturado”, após um período de exuberância, seguido pela falência de dezenas de clubes e uma campanha anticorrupção, observou hoje à Lusa o agente português Pedro Neto.

“O campeonato está muito mais equilibrado, organizado e estruturado”, descreveu o empresário português, que desde 2010 negoceia a transferência de futebolistas para o país asiático, notando: “Os nomes dos jogadores contratados são menos sonantes, mas a competitividade é maior”.

Natural do Porto, o empresário de 44 anos intermediou, só neste mercado de inverno, as transferências de quatro jogadores para clubes chineses: Wilson Manafá, para o Shanghai Shenhua, Guga Rodrigues e Mamadou Traoré, para o Beijing Guoan, e Lazar Rosić, para o Changchun Yatai.

Em entrevista à Lusa, Pedro Neto considerou que a Superliga chinesa, a prova máxima do futebol no país, é agora uma liga “profissional, não à custa dos jogadores, mas pela estrutura que foi criada, em termos de federação e organização dos clubes”.

“Hoje, não falta absolutamente nada aos clubes”, vincou.

O futebol na China está a reerguer-se após três anos da política de 'zero casos' de covid-19, que ditou o encerramento das fronteiras e paralisou a atividade económica.

Durante aquele período, a competição foi disputada em estádios vazios e vários jogos foram adiados durante semanas ou meses. Devido aos bloqueios rigorosos, os jogadores permaneceram presos em hotéis e várias estrelas estrangeiras não conseguiram voltar do exterior e acabaram por ser dispensadas.

Dezenas de clubes entraram em falência, expondo a insustentabilidade dos gastos que nos anos anteriores à pandemia abalaram o mercado de transferências: entre 2016 e 2023, estrelas como Alex Teixeira, Hulk, Carlos Tévez ou Ricardo Goulart rumaram à China, em contratações avaliadas em dezenas de milhões de euros e beneficiando de salários sem precedentes.

A contratação de estrelas foi “importante” para “cativar” o interesse do público pela modalidade, mas, hoje, os adeptos vão aos estádios para “apoiar a equipa e não para ver determinado jogador”, resumiu Neto.

“Uma das coisas muito importantes que mudou no campeonato chinês foi a relação com o adepto. Isso é um sinal muito positivo para a liga", explicou o empresário.

Os clubes chineses nunca foram sustentáveis, mas as grandes empresas do país, desde o ramo imobiliário à gestão portuária, suportaram durante muitos anos o orçamento das equipas, coincidindo com o desejo do governo de converter o país numa potência futebolística.

A exuberância dos gastos resultou, porém, num maior escrutínio por parte das autoridades, que impuseram um teto salarial de dois milhões de euros e passaram a taxar a 100% as contratações de futebolistas estrangeiros acima de 5,5 milhões de euros.

“O teto salarial é muito importante, porque os clubes estão agora todos a competir com as mesmas armas”, observou Pedro Neto à Lusa.

Uma campanha anticorrupção resultou também na punição de dezenas de funcionários da Associação de Futebol da China (CFA). Esta semana, um tribunal do país condenou a prisão perpétua Chen Xuyuan, que liderou a CFA, entre 2023 e 2023, por corrupção.

O governo chinês anunciou também, na quarta-feira, uma reforma para o desenvolvimento do futebol de base, que visa estabelecer, até 2025, um "canal de crescimento para jovens jogadores" e formar um "sistema de formação de talentos" que integre o desporto e a educação.

Designada Liga de Futebol de Base da China, a competição vai ser o principal torneio juvenil do país, com “maior cobertura, participação, nível de competição e influência social”, lê-se no documento.

Pedro Neto constatou “maior foco” na formação e na qualidade dos treinadores, fruto da “contingência financeira” dos últimos anos.

“O treinador chinês evoluiu bastante. A nova geração é inteligente e sabe como trabalhar”, notou.

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