Corinthians não é tão ruim como parece

O Corinthians passou noventa minutos contra o Argentinos Juniors e 50 contra o Fluminense sem chutar nem sequer uma bola na meta do adversário. Maycon, de fora da área, acertou o alvo e obrigou Fábio à sua primeira defesa, aos 5 do segundo tempo.

Nove minutos depois, Roger Guedes marcou e ajudou a sacramentar a primeira vitória de Vanderlei Luxemburgo: Corinthians 2 x 0 Fluminense.

Em nenhum trabalho anterior, o treinador tinha passado sete jogos para conseguir um triunfo.

Há oito meses, com onze titulares que seguem no elenco, o Corinthians venceu o Fluminense por 3 x 0, sob o comando de contestado Vítor Pereira e chutando 15 vezes contra o gol de Fábio, seis no alvo.

Se o mesmo elenco corintiano foi vice-campeão da Copa do Brasil e por um erro de cobrança, nos pênaltis, o fiasco corintiano na atual temporada não pode se dever apenas à qualidade de seus jogadores. Ainda que seja necessário o alerta de a montagem ter sido desequilibrada e abusando das contratações de ídolos do passado.

Um velho clichê usado por nós, jornalistas, é de que um time precisa de reforços, em toda sequência sem vitórias. A mudança de desempenho do Corinthians vice-campeão da Copa do Brasil para o atual –e do primeiro para o segundo tempo contra o Fluminense– mostra que há muito mais mistérios dentro de um vestiário do que supõe nossa filosofia.

O São Paulo é o exemplo atual mais bem acabado. Invicto há doze partidas, onze delas sob o comando de Dorival Júnior, o time não tem uma revolução tática, mas de ambiente. Rogério Ceni será um grande treinador quando conseguir ser mais líder do que chefe.

Dorival Júnior recebeu a missão de recuperar o ambiente do vestiário. Não desenhou um losango no meio-de-campo como funcionou no Flamengo, porque percebeu características diferentes em seu grupo de jogadores atual. Já recuperou alguns que pareciam condenados, como Gabriel Neves e Alisson, melhorou Marcos Paulo.

Sob nova direção, o São Paulo marcou 18 vezes e sofreu cinco em onze partidas.

Não é mentira que os técnicos brasileiros perderam terreno nos conceitos teóricos e que hoje os mais modernos bebem da literatura de Portugal, o que faz muita gente querer mudar nomes de posições, de ponta para esterno ou extremo, ao passo que os ingleses seguem chamando de winger, como faziam há cinquenta anos.

Também é fato que os jogadores do Brasil voltam da Europa com a preguiça de trabalhar no mesmo nível exigido lá. O momento atual de Sampaoli, um técnico excelente de resultados risíveis, mostra que o planejamento dos clubes e o respeito pelas etapas de trabalho são muito importantes.

O Palmeiras de Abel Ferreira era criticado há dois anos e chegou à partida em nível de excelência com os acréscimos de treinos e do cardápio de estratégias. O mesmo vale para o Fluminense, de Fernando Diniz, apesar dos atuais quatro jogos sem vencer e sem fazer gols.

Pela primeira vez na história dos pontos corridos, o Brasileiro tem seis técnicos há um ano no cargo. Taticamente, o campeonato está melhor do que já foi, embora ainda tenha muito para melhorar. Luxemburgo não é sombra do que foi, mas as sete partidas sem vencer representam muito mais a crise corintiana do que sua falência como treinador.

Quatro técnicos e quatro preparadores físicos em um ano fazem o Flamengo sucumbir neste momento da temporada. A falta de convicção no trabalho do campo é inversamente proporcional à administração do clube. O próximo passo é contratar jogadores que Sampaoli goste. O volante Allan custa 10 milhões de euros.

A CBF foi muito bem na campanha "Com racismo, não tem jogo!" Irá melhor, quando houver racismo e interromper jogos, identificar e prender criminosos. Com a seleção, a CBF não tem ido bem. Fazer três jogos sem técnico é adiar o início do trabalho e fazer amistosos só para manter compromissos comerciais. Erro.

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