Crime organizado se expande e já alcança mais da metade da Amazônia

Com alta em crimes ambientais e 59% da população vivendo em municípios com forte presença de facções do tráfico de drogas, a Amazônia Legal é hoje um dos principais desafios de segurança pública do país.

Cada um dos 60 mil policiais militares na região seria responsável por 83 km², quase quatro vezes a média nacional, e a estrutura escassa das polícias civis dificulta a responsabilização de criminosos na Justiça. E os integrantes de facções como o CV (Comando Vermelho) e o PCC (Primeiro Comando da Capital) estão em 178 dos 772 municípios da região.

Enquanto o desmatamento aumentou 85,3% entre 2018 e 2022 na região formada por nove estados, o comércio de madeira de lei cresceu 37,6% no mesmo período. A apreensão de cocaína por polícias estaduais saltou 194% de 2023 a 2022, com 20 toneladas apreendidas no último ano. As apreensões de armas aumentaram 91% no período.

Já a movimentação de ouro indica forte atividade para legalizar quantidades extraídas ilegalmente de terras indígenas, por exemplo.

O aumento no recolhimento da compensação financeira pela exploração mineral, a CEFM, foi de 294,7% na Amazônia Legal, contra 153,4% no país entre 2018 e 2022.

Todos esses dados são do estudo Cartografias da Violência na Amazônia, feito em parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto Mãe Crioula e divulgado nesta quinta-feira (30). O material será apresentado na COP28, a conferência da ONU sobre clima, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

O aumento da violência, que ficou acima da média nacional, foi um dos principais reflexos da mudança na criminalidade na Amazônia Legal, composta por Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Pará, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão.

São 772 municípios e cerca de 26,6 milhões de habitantes. Em 2022, a taxa de mortes violentas intencionais na região chegou a 33,8 mortes por 100 mil habitantes, 45% superior ao índice de 23,3 vítimas da média nacional. O indicador reúne os crimes de homicídios dolosos, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e mortes por intervenção policial (em serviço ou não).

Além do aumento da violência, outro impacto do crime organizado, segundo o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança, Renato Sérgio de Lima, é na economia, pela exploração de recursos naturais com consequências ambientais.

"Com 59% da população morando em cidades dominadas por crime, não tem Acordo de Paris que dê conta. Não tem agronegócio que mude esse modelo, nem oportunidade de emprego e renda. O inimigo, inclusive do meio ambiente, é o crime."

O combate à criminalidade também acompanhou a expansão dos crimes. Os autos de infração aplicados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) cresceram 40% entre 2018 e 2022, No ano passado, as autuações se concentraram em Pará, Rondônia e Amazonas.

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