Folhas de Outono é romântico, politizado e leve na medida certa

Depois de um dia de trabalho árduo (e mal remunerado), dois amigos vão tomar uma cerveja em um bar. Um deles reclama que anda deprimido porque tem bebido demais. "Mas por que você tem bebido tanto?", o outro pergunta. E o primeiro responde: "Porque ando deprimido".

Aki Kaurismaki está quase todo nessa cena de "Folhas de Outono", exibido no Festival de Cannes, que traz em si tamanha concentração de elementos típicos da obra do diretor que é quase uma súmula de todo o seu cinema. O cenário e as performances estilizadas, a melancolia finlandesa, a presença do álcool, o senso de autoironia e o uso do humor como escape para os problemas da vida –a mistura de observação social com ternura pelos personagens que tem feito de Kaurismaki o cineasta mais importante da Finlândia há décadas.

O filme é uma história de amor bastante simples. A mocinha é Ansa, uma mulher bonita, mas meio desprovida de autoconfiança, que leva uma vida tediosa e sem grandes perspectivas, trabalhando em um supermercado de Helsinki. O rapaz é Holappa, igualmente desanimado sobre tudo, a não ser pelo prazer fugaz e traiçoeiro que o cigarro e as bebidas alcoólicas lhe trazem. A sua insatisfação diante da vida se torna tão intensa que ele começa a se embriagar às escondidas no trabalho –e, obviamente, um dia seu delito é descoberto, e ele é demitido.

Quando Ansa e Holappa se conhecem, um se identifica com a solidão e a apatia do outro. Mas um pequeno acidente faz com que percam contato e não consigam marcar novo encontro, e aí o filme se desenrola a partir desse pequeno quiprocó.

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