Como entender a raiva dos americanos que vivem no campo?

O progresso tecnológico vai levar ao desemprego em massa? As pessoas têm feito essa pergunta há dois séculos, e a resposta sempre acabou sendo não.

A tecnologia elimina alguns empregos, mas sempre gerou uma quantidade suficiente de outros novos para compensar essas perdas, e há muitas razões para acreditar que isso continuará assim no futuro próximo.

No entanto, o progresso não é indolor. Empresas e alguns economistas podem falar brilhantemente sobre as virtudes da "destruição criativa", mas a transformação pode ser social e economicamente devastadora para aqueles que se encontram do lado destruído.

Isso é verdadeiro especialmente quando a mudança tecnológica acaba não apenas com trabalhadores, mas também com comunidades inteiras.

E isso não é uma proposição hipotética. É grande parte do que aconteceu no campo nos Estados Unidos.

Esse processo e seus efeitos são detalhados de forma devastadora, aterrorizante e desconcertante em "White Rural Rage: The Threat to American Democracy" [Raiva Rural Branca: A Ameaça à Democracia Americana], novo livro de Tom Schaller e Paul Waldman.

Digo "devastador" porque a dificuldade dos trabalhadores rurais americanos é real, "aterrorizante" porque a reação política a essa dificuldade representa um perigo claro e constante para nossa democracia, e "desconcertante" porque em algum nível eu ainda não entendo o lado político disso.

A tecnologia é o principal motor do declínio rural, argumentam Schaller e Waldman. De fato, as fazendas americanas produzem mais de cinco vezes mais do que há 75 anos, mas a força de trabalho rural diminuiu cerca de 70% no mesmo período, graças a máquinas, sementes melhoradas, fertilizantes e pesticidas.

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A produção de carvão tem caído recentemente, mas, em parte graças a tecnologias como o método mountaintop removal, a mineração de carvão como modo de vida desapareceu há muito tempo, com o número de mineiros caindo 80% enquanto a produção quase dobrou.

O declínio da manufatura em pequenas cidades é um caso mais complicado, e as importações tiveram um papel importante nisso, mas também se trata principalmente de mudanças tecnológicas que favorecem áreas metropolitanas com grandes números de trabalhadores altamente qualificados.

A tecnologia, então, tornou o país como um todo mais rico, mas reduziu as oportunidades econômicas em áreas rurais. Então, por que os trabalhadores rurais não vão onde estão os empregos? Alguns foram.

No entanto, algumas cidades se tornaram caras, em parte por causa do zoneamento restritivo —uma coisa que os estados democratas fazem errado—, e muitos trabalhadores também relutam em deixar suas famílias e comunidades.

Então, não deveríamos ajudar essas comunidades? Nós ajudamos. Programas federais estão disponíveis para todos os americanos, mas são financiados de forma desproporcional com impostos pagos por áreas urbanas ricas.

Como resultado, há enormes transferências de dinheiro de estados urbanos ricos como Nova Jersey para estados rurais relativamente pobres, como Virgínia Ocidental.

Embora essas transferências atenuem um pouco a dificuldade enfrentada pelo campo nos Estados Unidos, elas não restauram o senso de dignidade que foi perdido junto com os postos de trabalho rurais.

E talvez essa perda de dignidade explique a raiva rural branca e por que ela é tão mal direcionada —já que é bem claro que nestas eleições a maioria dos americanos brancos do campo votará novamente contra Joe Biden, que como presidente tem tentado gerar empregos em suas comunidades, e em favor de Donald Trump, um vigarista do Queens que oferece pouco além de validação para o ressentimento deles.

O que você está lendo é [Como entender a raiva dos americanos que vivem no campo?].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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