Lula é cobrado por entidades de direitos humanos por fala sobre golpe de 1964

Entidades de direitos humanos e da sociedade civil criticaram a declaração do presidente Lula (PT), de que não quer "remoer o passado", a respeito do golpe militar de 1964.

Em uma nota divulgada nesta quarta-feira (28), mais de 150 entidades da Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia classificaram a fala como "equivocada" e defenderam que tratar do golpe "não é remoer o passado, é discutir o futuro".

"Repudiar veementemente o golpe de 1964 é uma forma de reafirmar o compromisso de punir os golpes também do presente e eventuais tentativas futuras", diz o texto.

Fazem parte do grupo, entre outros, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e o Instituto Vladimir Herzog.

"Não aceitaremos que, mais uma vez, os governos negociem ou abdiquem dos direitos das vítimas para poder contemporizar com os militares. Não aceitaremos mais essa tutela cujo preço histórico quem tem pago são os familiares, todos os que foram atingidos por atos de exceção, todos que trabalham pela construção da memória para a defesa da democracia", diz a nota.

Na carta, as entidades defendem ainda ser impossível falar dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023 sem falar do golpe militar de 1964.

"É a tradição histórica de não punir os golpistas e torturadores do passado que faz com que essas elites econômicas e setores amplos das Forças Armadas se sintam à vontade para continuar buscando soluções de força para impor seus projetos ao país, ao largo da democracia e da soberania popular", diz.

O documento critica ainda a postura adotada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, avalizada e elogiada por Lula.

"Punir meia dúzia de generais mas não promover mecanismos de adequação da caserna à democracia e de subordinação dos militares ao poder civil significa, em última instância, que o pedido de Bolsonaro por uma 'borracha no passado' estará sendo atendido", completou.

O texto cobra Lula pela instalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), promessa ainda não cumprida no atual mandato.

O colegiado foi extinto no apagar das luzes do governo Bolsonaro, e Lula havia se comprometido em recriá-lo. Ao longo de 2023, ministérios envolvidos deram pareceres favoráveis, mas a medida está parada desde o primeiro semestre na Casa Civil de Rui Costa.

Procurada, a pasta diz que "o texto está em análise pela área técnica e será encaminhado para despacho em momento oportuno".

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