Presidente eleito do Senegal se torna mais jovem líder de um país da África

O candidato da oposição Bassirou Diomaye Faye venceu as eleições presidenciais no Senegal com mais de 54% dos votos, afirmou a Justiça do país na quarta-feira (27). Com 100% das seções apuradas, o político terminou a corrida 19 pontos percentuais acima do candidato da coalizão governista, Amadou Ba, que angariou 35% dos votos.

Os resultados devem ser confirmados pelo Conselho Constitucional nos próximos dias, mas o atual líder senegalês, Macky Sall, já parabenizou o presidente eleito e afirmou que seu êxito é "uma vitória para a democracia". Apesar do tom ameno, Faye estava preso e foi libertado apenas dez dias antes das eleições.

A votação que levou Faye à Presidência desse país da África Ocidental foi também a sua primeira vitória nas urnas. Antes das eleições do último domingo, o único pleito do qual havia participado era para a Prefeitura de sua cidade natal, Ndiaganiao —um pequeno povoado no meio de uma estrada de areia repleto de carroças que levam mulheres e suas mercadorias para o mercado. Ele perdeu essa eleição, em 2022, para o candidato do partido governante.

Apesar da vitória, poucos no Senegal conhecem a jornada notável desse inspetor fiscal de 44 anos que surfou em uma onda de descontentamento da juventude para se tornar o presidente eleito mais jovem da África.

Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo

Entrevistas com familiares e amigos em Ndiaganiao e na vila onde ele foi criado, porém, revelaram um homem estudioso, leal, curioso e às vezes teimoso, enraizado nas tradições senegalesas e em sua fé islâmica e com um profundo entendimento do dilema enfrentado pela legião de jovens frustrados de seu país.

"Ele não veio do nada", diz Diomaye Faye, tio cujo nome inspirou o do novo presidente, em uma entrevista na casa da família —uma construção arrumada e modesta que sediou uma enorme festa improvisada no domingo à noite. "Esta família não é nova no governo."

Um ascendente de Faye foi o fundador dessa vila séculos atrás, e seu avô foi o chefe do povoado e um dos soldados africanos recrutados pela França para lutar na Primeira Guerra Mundial antes de ser gravemente ferido no campo de batalha. Ao retornar para casa, ele lutou pela criação da primeira escola secundária em Ndiaganiao —algo que representava uma ameaça tão grande para as autoridades da era colonial que ele acabou na prisão.

"Bassirou cresceu em um ambiente onde as pessoas lutam pelos direitos dos outros", diz Diomaye sobre seu sobrinho.

Foi defendendo seu aliado político que Faye foi preso. Sua detenção, em abril do ano passado, aconteceu devido a uma publicação no Facebook criticando o que considerava uma perseguição do governo contra Ousmane Sonko, o principal político de oposição do Senegal.

Sonko nomeou Faye seu sucessor após ser impedido de concorrer à Presidência devido a uma acusação por difamação e corrupção de menores (ele era suspeito em um caso de estupro, mas foi absolvido). O agora presidente eleito ficou dez meses preso. Na cela minúscula onde dormia, comia, tomava banho e se exercitava com outros três prisioneiros, iniciou sua candidatura à Presidência.

O que você está lendo é [Presidente eleito do Senegal se torna mais jovem líder de um país da África].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...