Fundo faz negociações com informações prévias de reportagens investigativas que patrocina

Um fundo de hedge dos Estados Unidos, Hunterbrook Capital, levantou US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) para fazer negociações com base em informações exclusivas obtidas por repórteres que o próprio fundo patrocina.

As informações são apuradas pela Redação da empresa jornalística do fundo, a Hunterbrook Media, com a premissa de que serão baseadas apenas em informações publicamente disponíveis. Foram recrutados vários veteranos do setor jornalístico, incluindo consultores como o ex-editor do Wall Street Journal Matt Murray, o fundador do ProPublica Paul Steiger e Bethany McLean, repórter que revelou preocupações sobre a contabilidade da empresa Enron.

Há três repórteres em tempo integral e um grupo de freelancers no exterior que escreveram para veículos de notícias tradicionais, como o Financial Times e a Reuters, em lugares como Brasil, Mongólia e Namíbia.

O modelo de negócios foi apresentado como um experimento inovador no financiamento de reportagens investigativas, enquanto empresas de mídia sofrem com novas rodadas de demissões.

A Hunterbrook Media se concentrará em reportagens investigativas financiadas não com publicidade ou assinaturas, mas com taxas do fundo de hedge long short —que busca lucrar tanto com a valorização quanto com a desvalorização dos ativos.

As empresas compartilham um grupo de executivos, incluindo dois cofundadores —o CEO Nathaniel Horwitz e o publisher Sam Koppelman—, a diretora jurídica Fitzann Reid e a chefe de operações Emily Pate.

Horwitz e Koppelman, que estão na casa dos 20 anos e se conheceram em Harvard, têm pouca experiência em jornalismo ou em negociação de ações.

Horwitz era um investidor em biotecnologia e Koppelman é um autor que trabalhou em redação de discursos e comunicações na empresa Fenway Strategies.

No entanto, ambos têm conexões familiares com o negócio de mídia —Horwitz é filho do jornalista vencedor do Prêmio Pulitzer Tony Horwitz e da romancista Geraldine Brooks, também vencedora do Pulitzer, enquanto Koppelman é filho do cocriador de "Billions", Brian Koppelman, e da romancista Amy Koppelman.

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A estratégia da Hunterbrook está repleta de riscos de compliance, e especialistas em jornalismo alertaram para possíveis conflitos de interesse.

Negociar com informações não públicas, que jornalistas regularmente descobrem, poderia constituir fraude de valores mobiliários.

Para evitar isso, o grupo encarregou sua diretora jurídica, a ex-funcionária da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), Fitzann Reid, de decidir se uma reportagem do lado jornalístico da Hunterbrook poderia ser compartilhado com seu fundo de hedge.

Horwitz não divulgou as identidades dos sócios que forneceram os US$ 100 milhões de financiamento, mas disse que a maioria veio de investidores institucionais, além de alguns family offices e algumas pessoas físicas.

O FT informou em outubro que os investidores iniciais da Hunterbrook incluíam Emerson Collective, de Laurene Powell Jobs, o cofundador da General Catalyst, David Fialkow, o cofundador da Avenue Capital, Marc Lasry e Outside the Box Investments, onde Murray também é um consultor.

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