Pabllo Vittar homenageia música popular em disco sobre o arco do brega

Se sobre o mapa do Brasil traçarmos uma parábola que liga Recife ao Pará, teremos o Arco do Brega. Nesta região, entendida aqui mais sonicamente que territorialmente, a música brasileira pulsa numa frequência incessante de renovação na qual o popular é fagocitado e regurgitado com vários nomes e novos repertórios: tecnobrega, tecnomelody, marcantes, brega, seresta, piseiro, forró eletrônico, forró de favela.

É neste arco em que nasce "Batidão Tropical 2", novo álbum de Pabllo Vittar. É também nesta região onde a artista se criou, entre interiores de Pará e Maranhão, ouvindo resquícios de festa de aparelhagem e shows de prefeitura, que davam na sua casa, ou se inspirando em cantoras como Joelma —figura cativa de programas de auditório das emissoras pernambucanas e paraenses antes de despontar para o Brasil nos anos 2000.

O novo álbum de Pabllo, suíte de "Batidão Tropical" de 2023, repete o predecessor no objetivo: revisitar sucessos do cancioneiro populaça norte-nordestino, músicas que arrastaram multidões nos anos 1990 a despeito do conglomerado musical sudestino, goiano e baiano. Seja pela nostalgia dos iniciados, ou por ser novidade para o público do Centro-Sul, o disco acerta no alvo como da outra vez.

O álbum tem 14 faixas e apenas uma música autoral, "Idiota". Três faixas foram substituídas por mensagens de voz da cantora em que ela promete novas canções para logo. Soaria como novidade, uma obra editável no futuro via plataforma de streaming, mas parece mais com uma tentativa desnecessária de fazer o ouvinte voltar ao disco.

A manobra é dispensável porque quem ouvir "Batidão Tropical 2" deve voltar a ele. Não que o faça lendo o disco como algo alinhavado, indo de A a Z, mas sim tratando-o como um CD pirata cheio de covers perfeitos para uma boa festa —festa mesmo, daquelas nas quais a chance de haver diversão desavergonhada é a mesma de haver lamento descarado.

O trunfo de Pabllo e sua turma, aliás, está em tratar o cover como homenagem criativa em vez de cópia tediosa ou palco de virtuosismo. "Pra Esquecer", faixa que abre o álbum, é um dos maiores hits do Calypso. No disco, os indefectíveis metais da original são realçados, a guitarrada ganha brilho e as baterias vem encorpadas. Parece igual, mas é diferente.

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