Produtor gaúcho de azeite adota método ultraintensivo para colher em larga escala

Quem está familiarizado com o visual dos olivais brasileiros pode estranhar a Vivenda Scapini, propriedade de 580 hectares em Viamão, na Grande Porto Alegre (RS).

Ali não se veem oliveiras frondosas salpicadas pelo terreno –o proprietário, o engenheiro Roger Scapini, é o primeiro no Brasil a adotar a olivicultura superintensiva.

Desenvolvida no fim dos anos 1990 pela Agromillora, gigante produtora de mudas com sede na Espanha, a olivicultura superintensiva quebra alguns paradigmas. O principal deles é o espaçamento entre árvores.

No sistema tradicional, aqui no Brasil, ele costuma ser de 7 metros, tanto entre árvores quanto entre linhas. O superintensivo faz diferente. Põe as plantas coladas umas às outras, formando filas contínuas, com espaçamento de 4 metros entre as fileiras.

Esses muros verdes são mantidos a 2,5 metros de altura, com 80 centímetros de largura, medida exata para que a colheitadeira Braud 11.90X Multi, com capacidade para colher duas toneladas de azeitonas por hora, deslize sobre as copas das árvores.

O equipamento, fabricado pela New Holland, veio da França e, no modelo completo (com dois tanques e piloto automático), custa US$ 750 mil (R$ 3,77 milhões). Segundo Roberto Jonker, gerente de produto da marca, é a primeira a vir para o Brasil.

Scapini até começou o plantio pelo método tradicional. Chegou a plantar 30 mil árvores, mas logo concluiu que a rentabilidade ficaria muito aquém do que esperava.

"Dez trabalhadores, ao longo de oito horas, colhem 500 quilos de azeitonas. Uma área tão grande não pode rentabilizar tão pouco. Já pensava em remover as oliveiras e vendê-las para paisagismo, quando descobri o superintensivo."

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Desde 2023, Scapini plantou 210 mil oliveiras ao todo. Aquelas primeiras 30 mil ficaram, mas foram adaptadas ao novo modelo –mais duas árvores foram fincadas em cada espaço, formando as filas. As demais já seguiram o esquema das fileiras contínuas.

Ele está otimista e defende que a olivicultura superintensiva é a única capaz de ajudar o país a reduzir a dependência da importação de azeite –embora seja o segundo maior consumidor do mundo, o Brasil produz menos de 1% do azeite que consome.

"O modelo tradicional é poético, encantador, mas quantas pessoas suportam pagar R$ 120 por uma garrafa de azeite? Precisamos furar essa bolha", defende o produtor.

A concentração de árvores, que pode passar de 1.400 unidades por hectare, somada à mecanização de todos os processos, incluindo plantio, poda, pulverização de fungicidas e colheita, permite que o método superintensivo alcance uma escala inédita no país.

Em fevereiro de 2025, Scapini prevê que sua primeira colheita comercial, que ainda será modesta devido à pouca idade das árvores, passe de uma tonelada de azeitonas.

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