Silveira pede paz e acena a Prates após fritura do presidente da Petrobras

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta terça-feira (9) ter carinho, respeito e admiração pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, após uma semana de noticiário intenso sobre as divergências entre os dois e de conversas no governo sobre uma troca no comando da estatal.

Silveira falou publicamente sobre o tema pela primeira vez após entrevista à 💥️Folha. Na conversa, ele reconheceu conflito entre o papel dos dois —embora tenha acrescentado que vê a divergência como salutar, não pessoal—, disse não abrir mão de sua autoridade nas discussões, evitou avaliar se o presidente da empresa está fazendo um bom trabalho e culpou o executivo pelo ruído no caso dos dividendos.

Nesta terça, Silveira fez afagos a Prates, chamou-o de colega e disse que o Brasil voltou a dialogar para construir soluções. Por outro lado, disse que cabe ao ministro a defesa de políticas públicas que foram escolhidas pelos eleitores brasileiros.

"Tenho o mais profundo respeito e admiração que desenvolve, desenvolveu o parlamentar, o presidente Jean Paul. Tenho carinho e profundo respeito pelo ser humano que ele é", disse. "Cabe a mim, sim, a defesa intransigente das politicas públicas e da visão estratégica que norteou os eleitores brasileiros", completou.

Silveira disse que não defende a saída do atual executivo e que não ouviu Lula falar sobre intenção de trocar o comando da empresa. Segundo o ministro, qualquer comentário que fizer sobre uma mudança no cargo de CEO da estatal seria especulação porque a decisão é da alçada do presidente da República.

"Você não encontra uma manifestação minha direta nos últimos dias. A última entrevista minha foi à 💥️Folha, onde eu fiz uma manifestação espontânea sobre as minhas posições como ministro de Minas e Energia. De lá para cá, foram todas especulações", afirmou.

O ministro também pediu que a estatal tenha paz para crescer. "Que a Petrobras tenha um pouco de paz para continuar ganhando valor de mercado, ao mesmo tempo aumentando seu potencial para gerar emprego, gerar renda, cumprir o plano de investimento, tudo isso que todos queremos", disse.

As declarações de Silveira foram dadas após cerimônia na qual Lula assinou uma medida provisória com o objetivo central de antecipar recursos da privatização da Eletrobras para reduzir a conta de luz. Após o evento, ele concedeu uma coletiva para detalhar a iniciativa e foi questionado sobre Prates.

A saída de Prates do comando da Petrobras já era ventilada há meses, mas foi intensificada após a entrevista de Silveira publicada na última quarta (3). Desde então, comenta-se no governo sobre a permanência ou não do atual executivo.

Após as declarações de Silveira à 💥️Folha, a coluna Mônica Bergamo noticiou que Prates pediu audiência com Lula para conversar sobre o bombardeio disparado contra ele. O presidente da estatal, que já não estava com a melhor imagem dentro do governo, ficou ainda mais desgastado com o movimento —visto como uma tentativa de ultimato ao presidente da República.

Segundo aliados, Lula já teria demonstrado incômodo com Prates em ao menos um episódio anterior e mencionado em conversas no mês passado uma potencial troca de Prates por Mercadante.

O presidente teria ficado especialmente contrariado com tuítes disparados por Prates na rede social X (antigo Twitter), em meados de março, declarando que a orientação para reter os dividendos extraordinários da Petrobras (decisão que afugentou investidores) partiu do governo Lula —o que aumentou a polêmica em torno dos dividendos.

Leia mais

Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.

O desgaste de Prates na Petrobras

Sobre a distribuição dos dividendos extraordinários da petroleira aos seus acionistas, estopim da crise atual, o ministro disse que existem "posições antagônicas" sobre diversos temas, mas que elas são públicas.

"Posso afirmar de forma peremptória que houve discussão, o ministro [da Fazenda, Fernando] Haddad participou, mas num plano mais lato sensu [em sentido amplo]. Não foi stricto sensu [sentido específico], não foi para discutir distribuição de dividendo da Petrobras. [Foi sobre] como vamos revigorar economia nacional", completou.

Leia mais

Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha

Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha

O que você está lendo é [Silveira pede paz e acena a Prates após fritura do presidente da Petrobras].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...