Soldados da Ucrânia amputados na guerra voltam ao front contra Rússia

A perna do comandante ucraniano Odin, 32, foi arrancada na explosão de uma mina terrestre no ano passado. Agora, ele está de volta às trincheiras para defender a Ucrânia diante do avanço da Rússia.

"Tive ofertas para voltar à minha academia local como professor ou para trabalhar em um escritório de recrutamento em Odessa", disse à agência de notícias Reuters o homem da 28ª Brigada Mecanizada Separada, em um bunker apertado na linha de frente na região leste de Donetsk. "Eu disse que não estou interessado nessas posições".

O Exército exaurido e esgotado da Ucrânia precisa de toda a ajuda possível. As tropas do país estão sendo repelidas pelo inimigo muito maior e mais poderoso em torno da cidade de Avdiivka, no leste ucraniano. Também estão sob pressão crescente em outras seções da frente de batalha.

Mango, um artilheiro de tanque de 28 anos, teve sua mão destruída por estilhaços em 2022 durante os combates em Mariupol, antes de ser capturado pelos russos. Ele também retornou à frente de batalha, como chefe de logística de um batalhão.

"Quando voltei do cativeiro, percebi que a guerra ainda não havia terminado", disse Mango, que usa um codinome por motivos de segurança, assim como Odin e a maioria dos soldados ucranianos. "Mesmo que eu não possa sentar em um tanque, ainda consigo ser útil. Ainda posso lutar um pouco."

Os dois soldados estão entre os milhares de militares ucranianos que perderam membros desde que a Rússia lançou uma invasão em grande escala no início de 2022. Embora o governo de Kiev tenha se recusado a compartilhar dados sobre as baixas, a Princip, uma importante organização de direitos humanos que representa militares, calculou de 20 mil a 50 mil o número de amputados da guerra.

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Os campos de batalha estão repletos de minas, enquanto a artilharia e os ataques de drones são uma ameaça constante, o que significa que o número de amputados aumenta de forma constante.

A Reuters entrevistou 20 militares amputados, sete dos quais haviam retornado ao Exército ou que tinham essa intenção. Para muitos dos que podem fazê-lo, o desejo de apoiar seus companheiros sitiados no campo de batalha continua forte.

Masi Naiiem, cofundador da Princip, disse que é comum ver soldados com membros artificiais ainda servindo. A natureza da função de cada um, nesse caso, geralmente é decidida pela extensão dos ferimentos, segundo Naiiem, que perdeu um olho num combate em junho de 2022. Soldados com amputações abaixo do joelho, por exemplo, são considerados aptos a servir em unidades de apoio, mas não para funções altamente móveis ou especializadas, de acordo com a Princip.

Tony Bloomfield, diretor de operações da Blesma, instituição de caridade militar britânica para veteranos sem membros, diz ser extremamente raro a volta ao conflito de soldados que perderam um membro. Mas tem acontecido na Ucrânia.

"Alguns dos ucranianos que conhecemos querem, sem dúvida, voltar e lutar se puderem", disse. "A diferença aqui, para a Ucrânia, é que se você deixar o Exército, seu país ainda estará em guerra. E você ainda corre o risco de se ferir."

Kiev está desesperada para repor suas fileiras. Os soldados dizem que estão em menor número e com menos armas ao longo da linha de frente no leste e no sul da Ucrânia. Durante o ataque de Moscou a Avdiivka, que durou meses, tropas ucranianas disseram que estavam em desvantagem numérica de cerca de sete para um.

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