Gibi, 85 anos: a história da revista de nome racista que se transformou em sinônimo de HQ no Brasil

Um dicionário de português brasileiro hoje certamente trará a definição de gibi como "nome dado às revistas em quadrinhos" —ou algo parecido com isso. Nos anos 1930, contudo, o verbete tinha cunho racista: era "menino negro", "negrinho", "tipo feio e grotesco".

Em 12 de abril de 1939, há exatos 85 anos, a editora O Globo lançou uma revista em quadrinhos chamada Gibi. Na capa, como um símbolo, todos os números traziam uma representação estereotipada negativamente de um menino negro, o tal "gibi", mascote que emprestava nome à publicação.

Os traços eram carregados de um viés pejorativo e discriminatório. Em conversa com a BBC News Brasil, a cartunista Laerte definiu essa ilustração como "um menino negro como se desenhava em tempos de racismo livre".

Fato é que Gibi se tornou um sucesso nacional. Tão grande que, em pouco tempo, seu nome deixou de ser uma palavra ofensiva e preconceituosa. Tornou-se sinônimo de revista de histórias em quadrinhos.

O mais bem-sucedido quadrinista do Brasil, Mauricio de Sousa sempre conta que aprendeu a ler por causa de historinhas assim. "A primeira [revista] que vi achei caída na rua. Era um exemplar de O Guri [publicação semelhante lançada pelo Diários Associados em 1940]. Fiquei encantado", conta ele à BBC News Brasil. "Tanto que minha mãe me alfabetizou em três meses, para que eu pudesse ler sozinho e não a amolasse mais. Eu tinha de 4 para 5 anos."

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