Renda e educação: no meio do caminho tem uma perda

Mesmo com as retinas fatigadas, é preciso sempre reler os dados de desigualdade de renda e riqueza no Brasil.

Sérgio Gobetti, da Fundação Getulio Vargas, analisa dados tributários de 2022 e demonstra que as 15.366 pessoas do grupo do 0,01% mais rico da população adulta ganham por mês, em média, mais de R$ 2,1 milhões; que as mais de 154 milhões que formam os 95% da enorme base da pirâmide ganham, em média, R$ 2.300 por mês; e que o 1% mais rico (1,5 milhão de adultos) fica com 25% de toda a renda nacional.

Segundo o IBGE, em 2022 quase 32% dos brasileiros ganhavam por dia menos de R$ 35 (pobreza) e 6%, menos de R$ 11 (extrema pobreza). Mesmos percentuais de 2015 e 2013, respectivamente. Samuel Pessôa e outros tentam explicar a pobreza e a desigualdade pela ótica da educação. Isto é, com mais estudo seria possível sair da pobreza e diminuir a desigualdade. Essa é uma ideia falsa, que elude os motivos reais da pobreza e da desigualdade e as trata como questão de oportunidade e meritocracia. É fácil verificar que, estudando muito, é até possível fugir da pobreza; mas que, para ser rico, não é necessário estudar muito. Basta olhar em volta.

Além do mais, maior escolaridade não altera a desigualdade e a concentração de renda e riqueza —a menos que se aceite que um diploma permite auferir patrimônio imóvel e financeiro tal qual o que tem sido acumulado e transmitido pelos ricos por meio de rígidos mecanismos estruturais e históricos. Marcelo Medeiros, da Universidade Columbia, mostra essa falácia (de que mais educação melhoraria a distribuição de renda) em artigo recente.

O que você está lendo é [Renda e educação: no meio do caminho tem uma perda].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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