Gil do Vigor quer usar redes para expor políticas populistas em ano de eleições municipais

Célebre por sua participação no Big Brother Brasil 21, o economista Gilberto Nogueira, mais conhecido como Gil do Vigor, quer usar seus conhecimentos técnicos e sua influência nas redes para expor políticas populistas em ano de eleições municipais.

Em entrevista à Folha, ele diz pretender conscientizar seus seguidores "vigorosos e vigorentos" sobre o que torna uma política pública eficiente e como detectar motivações eleitoreiras só para ganhar votos.

No momento em que o Congresso Nacional controla uma fatia cada vez maior do Orçamento, o uso de emendas parlamentares para irrigar redutos dos parlamentares pode até ajudar no cumprimento de promessas locais. Gil quer mostrar que isso não basta.

"Eu posso prometer e até construir 50 escolas. Mas em que a escola vai, de fato, ajudar? Qual é a estratégia para que aquela escola vigore, para que de fato tenha um papel na educação? Não é só construir escola. É de que forma a minha contribuição para a sociedade é efetiva ou não", afirma.

O economista evita citar quais políticas estão sob sua mira, com a justificativa de que está reunindo dados para apresentar as evidências do populismo. Mas afirma que o uso político da máquina pública é uma das raízes para a desigualdade de renda no Brasil.

No domingo (7), Gil deu uma palestra na Universidade de Harvard sobre economia da desigualdade. Cursando PhD em economia na Universidade da Califórnia em Davis (EUA), ele tem a pretensão de mostrar, com dados, os efeitos do racismo no sistema penitenciário.

Raiz da desigualdade

A educação é um dos pilares do combate à desigualdade no Brasil. Mas um outro ponto que está na raiz da desigualdade são as políticas individualistas, que focam muito mais em interesses políticos do que econômicos e sociais.

Uma gestão pública dura quatro anos. Mas, interessantemente, eleição após eleição, os líderes políticos deixam para fazer suas obras próximo às eleições. A gente começa a se questionar: do nada, começam a fazer investimentos porque descobriram naquele ano que aquelas políticas são eficientes, ou porque eles estão fazendo políticas populistas para comprar votos?

[São] Políticas que não foram planejadas, que não são eficientes do ponto de vista econômico, que vão piorar [a situação] ainda mais, gerar mais fome, porque os recursos são escassos. Só que, infelizmente, às vezes o egoísmo dentro da política acaba sendo maior e falando mais alto. Quem paga a conta somos nós como sociedade.

Políticas eleitoreiras

O gasto público tem que ser balanceado, não apenas no ano eleitoral. [Precisa ser] focado na utilização mais eficiente daqueles recursos. Outro ponto é que as políticas precisam ser embasadas em pesquisas. Não é só 'ah, no ano eleitoral vou construir 50 escolas'. Onde? De que forma? Como vamos contratar professores? Não é só 'eu vou fazer, eu vou fazer', mas como fazer.

Teve um momento aqui nos Estados Unidos, inclusive aqui na Califórnia, que eles perceberam que o número de alunos na sala é um fator de desempenho acadêmico [no ensino básico]. Quanto maior a sala, menor é o desempenho acadêmico dos alunos, porque o professor não tem tempo de conversar com o aluno, e esse contato afeta o desempenho do estudante.

O que aconteceu? As escolas tinham o direito de escolher ou não fazer reforma para aumentar o número de salas e também ter uma verba direcionada aos professores. Os alunos de escola pública começaram a ter desempenho melhor do que os alunos de escola privada.

Muitas vezes, as [políticas] mais eficientes acabam que não são perceptíveis ao olho da massa. Por exemplo, essa política da Califórnia, a grande massa não estava entendendo, mas estava acontecendo uma revolução na educação do ensino público. Muitas dessas políticas não vão trazer retorno em votos, mas vão trazer retorno real para a sociedade.

Discurso x prática

Existe um problema muito grande de accountability [ato de prestar contas] no Brasil. Basicamente, é a capacidade dos eleitores de punirem ou beneficiarem líderes que fizeram a gestão [menos ou] mais eficiente. Se eu não sou punido por prometer e não fazer, isso não vai mudar.

Nós, como eleitores, precisamos começar a estudar as pessoas que elegemos e até que não elegemos, porque se foi eleito, tem que fazer e eu tenho direito de cobrar. Quando a história mudar, aí eles vão pensar 'epa, se eu não fizer, eu estou lascado'.

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