Voluntários recuperam e transformam cemitério de refugiados mortos na Grécia

Sob um céu nublado na ilha grega de Lesbos, a afegã Safika, que buscava asilo, colocou uma rosa vermelha no túmulo de um refugiado morto tentando chegar à Europa. A lápide dizia "desconhecido".

Quase uma década depois que os primeiros corpos de solicitantes de asilo foram enterrados nesse campo no vilarejo de Kato Tritos, na Grécia, um grupo de voluntários tentou transformar o terreno abandonado e coberto de vegetação em um cemitério que foi inaugurado na quarta-feira (17).

Eles passaram meses limpando o terreno, descobrindo e contando os túmulos que haviam desaparecido sob a grama alta ao longo dos anos. As sepulturas feitas de cimento e cobertas por pedrinhas brancas agora substituíam os montes baixos de terra que mal podiam ser identificados por um pedaço de mármore quebrado ou de madeira.

"Eles vêm para uma nova vida, para uma nova chance. Lamento que se afoguem no mar", disse Sohrab Shirzad, um voluntário do Afeganistão. "Agora estou feliz, isso torna tudo muito melhor", disse ele.

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Fabiola Velasquez, uma fisioterapeuta chilena que mora na ilha grega de Lesbos, dirige a instituição de caridade médica Earth Medicine e é cofundadora do projeto, afirmou que agora o campo é "um lugar onde todos que perderam suas vidas buscando refúgio na Europa podem ser lembrados".

"Isso me mostra como pode ser difícil para um ser humano morrer tragicamente em uma terra distante, longe de sua casa", disse ela à agência Reuters.

Em 2015, Lesbos estava na linha de frente da crise de refugiados da Europa. Milhares de pessoas, a maioria sírios fugindo da guerra civil, desembarcavam em suas praias todos os dias. Sua costa ficava repleta de coletes salva-vidas laranja brilhante. Embora esteja a apenas 4,4 km da costa da Turquia, centenas de pessoas se afogaram durante a perigosa travessia em barcos de borracha superlotados.

Velasquez disse que a equipe, a qual incluía solicitantes de asilo que vivem no campo de migrantes da ilha, identificou 197 sepulturas, mas ela espera que o número aumente.

Muitos dos mortos, que foram levados para Kato Tritos pela primeira vez em 2015, depois que um cemitério local ficou sem espaço, nunca foram identificados, pois acredita-se que famílias inteiras tenham morrido no mar. Em um deles estava escrito "Desconhecido bebê. Menina. 3 meses" e, em outro: "Menino desconhecido, 7 anos de idade".

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