Selic incerta em 2024 frustra riscos e faz renda fixa repetir 2023, diz CEO da SulAmérica Investimentos

Investidores encerraram 2023 mais otimistas do que iniciaram o ano. Vislumbravam um 2024 forte para o mercado de ações, com projeções para o Ibovespa acima dos 140 mil pontos.

Em quatro meses, porém, esse cenário desmoronou. Para o CEO da SulAmérica Vida, Previdência e Investimentos, Marcelo Mello, este ano deve ser um repeteco do anterior, com uma atratividade maior da renda fixa.

"O cenário atual ainda não estimula a renda variável", diz Mello. "Eu acho que a gente não vai fugir de ter algo muito parecido com o que foi em 2023, um ano onde o fluxo foi positivo para as estratégias de renda fixa e ainda muito difícil do ponto de vista de fluxo para a Bolsa e para fundos multimercado", completa.

Ele argumenta que um ponto favorável para a renda fixa —como títulos do Tesouro, debêntures, letras de crédito, entre outros— são as expectativas de uma taxa básica de juros, a Selic, mais alta do que o projetado inicialmente, com impactos positivos nos rendimentos dessas aplicações.

Mello conta que a estimativa da SulAmérica Investimentos atualmente é de que a Selic encerre o ano em 9,5%, mas a gestora já está recalibrando suas projeções para cima e contando com a chance de uma taxa básica a 9,75% em dezembro.

No Focus, boletim semanal do Banco Central que traz projeções de economistas para indicadores da economia brasileira, os analistas elevaram na última edição a estimativa para a taxa Selic ao final de 2024 de 9% para 9,13%. É a primeira alta desde o fim de 2023.

Essa mudança de expectativas leva em conta uma série de fatores, segundo Mello. O primeiro é a questão externa, já que a atividade econômica e os dados de emprego nos Estados Unidos fortes e resilientes aos juros mais altos no país adiam as perspectivas de arrefecimento monetário.

"No começo do ano o mercado estava projetando seis quedas na taxa dos Fed Funds [juros americanos]. Logo em seguida os investidores já começaram a ajustar na medida que os indicadores do mercado de trabalho, principalmente, foram sendo divulgados. Depois o mercado começou a jogar o início do corte de juros para junho, depois para setembro e agora o mercado já está jogando para o final do ano ou no ano que vem", afirma.

A perspectiva de que os juros dos EUA se mantenham em patamar elevado por mais tempo traz reflexos para o Brasil, já que o Banco Central precisa adotar mais cautela nos cortes da Selic, em meio a uma possibilidade de mudança no fluxo internacional com prejuízo para a economia dos países emergentes.

Além do fator externo, Mello diz que piorou a situação no Brasil especificamente devido a um ruído fiscal. "A gente via a Fazenda [ministério] resistente até pouco tempo atrás em mudar a meta fiscal de 2024 e 2025, e agora gerou muita volatilidade ver dúvidas sobre a meta fiscal de 2025 para frente", diz.

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