Mortes: Escreveu livros sobre a história do circo brasileiro

Se alguém pesquisar a história do circo brasileiro certamente encontrará os trabalhos de Erminia Silva. Sua dedicação à memória circense rendeu muitos artigos e dois livros, "Circo-Teatro: Benjamim de Oliveira e a Teatralidade Circense no Brasil" (Altana, 2007) e "Respeitável Público... O Circo em Cena" (Funarte, 2009), este escrito com Luiz Alberto de Abreu.

Erminia nasceu em 1954, em Getulina (SP), gêmea de Ester. As duas passaram a primeira infância no circo com os pais, Barry e Eduvirges, e os irmãos Charles e Shirlei. Quando chegaram à idade escolar, deixaram a vida de trupe e foram para São Paulo.

A menina da quarta geração de circenses não se tornou artista de picadeiro e decidiu seguir a vida de estudos, indo para o circo passar férias. A vida adulta foi como bancária, profissão na qual se aposentou de forma precoce, após um diagnóstico de LER (lesão por esforço repetitivo).

Sua primeira graduação foi em serviço social pela PUC-Campinas, em 1980. Mas foi ao cursar história na Unicamp que iniciou sua pesquisa sobre o circo. Concluiu o curso em 1993 e seguiu no tema no mestrado e no doutorado, pela mesma instituição.

Desde 2006, Erminia coordenava o Grupo de Pesquisa em Circo da Faculdade de Educação Física da Unicamp, junto ao professor Marco Bortoleto. Era professora da Escola Livre de Palhaços (Eslipa) e co-organizadora do grupo Psircos. Venceu o Prêmio Governador do Estado para a Cultura/SP em 2012 e 2017.

"Ela circulava pela academia, mesmo não sendo professora, e transitava por um universo mais expandido de pesquisa. Conversava com grupos de circo, de teatro, pessoas que faziam pesquisas alternativas. É sempre lembrada pela generosidade como orientadora, alguém que estava disposta a ajudar todas as pessoas que quisessem pesquisar", diz o pesquisador de circo Daniel de Carvalho Lopes, 39.

Sua menina dos olhos era o Circonteúdo, considerado o maior portal sobre o tema da América Latina. Fundado por ela, é um banco de dados sobre os circos brasileiros.

Era casada com o médico Emerson Merhy, com quem começou a namorar na década de 1980. Juntos, atuaram na saúde pública pensando em circenses e artistas.

Ajudou a criar Pedro e Emilia, filhos do companheiro. "Ela era uma pessoa que gostava de abraçar, declaradamente. Por isso ela conquistou muitos corações e muita gente a colocou no lugar de mãe, porque tinha um lugar muito acolhedor", diz Lopes, que trabalhou 19 anos ao lado dela.

Erminia morreu no dia 13 de março, aos 70 anos, após o agravamento de uma pneumonia. Deixa o marido e muitos circenses que dizem ter perdido uma mãe. "Muitas sementes espalhadas", afirma Lopes.

O que você está lendo é [Mortes: Escreveu livros sobre a história do circo brasileiro].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...