Tancredo chamava Diretas Já de campanha necessária, mas lírica

Antes mesmo da derrota da emenda constitucional que propunha a retomada de eleições diretas para presidente da República, em abril de 1984, o líder mineiro Tancredo Neves (1910-1985) já havia sido diversas vezes acusado de conspirar contra a proposição que tramitava no Congresso.

O coro contra Tancredo se ampliou ao, na semana da votação da emenda Dante de Oliveira, o deputado João Paganella (PDS-SC) reproduzir frase que disse ter ouvido do presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo: "Tancredo Neves é um nome confiável para a conciliação nacional".

O então governador mineiro havia sugerido que um governo de transição, com o presidente com um mandato-tampão, deveria ser o norte a guiar situação e oposição no processo de escolha do sucessor de Figueiredo. Significava que o governo vindouro tinha de manter um pé na canoa da oposição e o outro na da situação, desembarcando assim da canoa popular das Diretas Já —que se mostrava à deriva para quem conhecia a força do rio que atravessava.

Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos mais duros no ataque ao líder mineiro. "A proposta do Tancredo Neves não é de transição nenhuma. É uma proposta de transação."

Na véspera da votação, o governo decretou medidas de emergência em Brasília, como censura e suspensão da liberdade de reunião.

O clima estava pesado na capital do país e ruim também em Belo Horizonte. Com a censura dos meios de comunicação que transmitiam de Brasília, milhares de mineiros se reuniram na praça em frente ao terminal rodoviário, na zona central. Deputados pró-diretas ligavam de Brasília para líderes oposicionistas locais com relatos do clima da votação para a multidão.

A Polícia Militar mineira, em tese sob comando de Tancredo, impediu passeatas, forçou a liberação de ruas e prendeu lideranças de apoiadores das diretas. Tancredo estava em Brasília. Ao ser informado da truculência policial, ligou para o comando de segurança determinando que a PM "agisse com moderação". Não a impediu, no entanto, de agir contra os manifestantes.

Derrotada a campanha em defesa das Diretas Já, Tancredo foi chamado de "ambíguo" pelos mais educados e de "traidor" pelos mais exaltados.

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