Por que o interesse por cursos de mestrado e doutorado está caindo no Brasil?

O sistema de pós-graduação no Brasil enfrenta uma interrupção em seu ciclo virtuoso. Desde 2018, o que se percebe é um viés de desinteresse dos recém-graduados pelos cursos de mestrado, pós-graduação e pós-doutorado.

Recentemente, informações veiculadas na proposta de Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), feita pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), demonstraram que cerca de 25% dos cursos de mestrado oferecidos em 20 áreas do conhecimento (de um total de 49) tiveram demanda menor do que a oferta. Em relação ao doutorado, ao menos 12 áreas sentiram uma diminuição da procura que pode superar 30%.

Desenvolvida pela Capes para o registro e acompanhamento dos programas de pós-graduação no país, a Plataforma Sucupira apontou uma ociosidade de 21% nas vagas de mestrado e 25% no doutorado em 2023. Nos anos seguintes, entre 2023 e 2022, registrou-se uma diminuição de mais 11% na quantidade de ingressantes.

Os dados do PNPG mostram que o desinteresse tem sido mais intenso pelas engenharias, que tiveram uma baixa de aproximadamente 28% no número de novos pós-graduandos. Se em 2015 foram 12.551 ingressantes, em 2022 o número caiu para 9.090. A queda de ingressantes foi de 23% nas ciências agrárias, 14% nas biológicas, 12% nas exatas e da terra. Os números indicam que o viés de queda vem desde 2018. Antes, portanto, da pandemia.

A constatação da diminuição do interesse no mestrado e pós-graduação provoca reflexões. Por que os jovens estão se afastando? Quero dar aqui uma contribuição para esse debate tão necessário e estreitamente ligado ao desenvolvimento do país.

Desestímulo financeiro e social

Começo por uma consideração relacionada ao tempo de formação de um doutor: mais de 20 anos da vida de um jovem. Acompanhe comigo: do ensino fundamental 1 e 2 (nove anos) ao ensino médio (três anos) são cerca 12 anos na educação básica. Mais quatro anos de curso superior, em média, e outros quatro a seis no mestrado e pós-graduação.

Ou seja, é preciso muita resiliência, e o que tem acontecido é um grande desestímulo financeiro e social que dificulta aos mais jovens a busca por essa formação. Ao mesmo tempo, é uma realidade que fere a percepção da importância e da necessidade de doutores para o crescimento e o avanço científico, filosófico e tecnológico de um país.

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