Armênios expulsos de Nagorno-Karabakh lamentam vida deixada para trás

"Um pouco de trigo, um pouco de sal. Era o que havia. Quando aparecia uma garrafa de água com gás, fazíamos festa", conta Artur Bardasayan, 51, descrevendo como foram os últimos meses de sua vida no enclave armênio étnico de Nagorno-Karabakh, antes de uma invasão relâmpago do vizinho Azerbaijão, em setembro do ano passado.

Bardasayan e outros 120 mil armênios foram expulsos e tiveram cerca de 24 horas para deixar o território pela estrada que levava à Armênia. Foram obrigados a deixar tudo para trás, de documentos a utensílios de cozinha, de roupas a animais.

A região havia sido cercada pelo Azerbaijão em 2023, quando se chegou a um frágil cessar-fogo, e o ano de 2023 estava sendo o pior. A autocracia azeri havia imposto um bloqueio de comida e energia, e a população, que era formada por cerca de 95% de armênios, relatava passar fome havia nove meses.

Motorista de ônibus e mecânico, pai de três, Bardasayan se voluntariou para defender o enclave. Na hora da invasão, havia acabado de deixar o posto militar devido à troca de turno. Os cinco que chegaram para substituí-los foram mortos.

Na Armênia, a primeira parada do êxodo foi o vilarejo de Kornidzor, que a 💥️Folha visitou. A cerca de dois quilômetros da fronteira azeri e com apenas 800 moradores, foi ali que os expulsos receberam água e comida pela primeira vez.

Os 120 mil se espalharam pela Armênia, mas uma ou outra família, sem parentes a quem recorrer, acabou ficando no vilarejo. É o caso de Bardasayan e de Aran Hovsepyan, 29, que se casaria no fim do mês.

Hovsepyan hoje mora com sua mãe e irmão numa casa emprestada no vilarejo e vivia da agricultura de subsistência em Nagorno-Karabakh, plantando brócolis, vagens e batatas, entre outros legumes. "Tínhamos animais e plantações, por isso tivemos mais sorte do que quem morava na capital. Não passamos fome", diz ele.

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