Mr. Musk, as suas empresas não são sustentáveis

Elon Musk não gosta do 1º de maio. É contra a existência de sindicatos. Tem problemas com leis trabalhistas. Na Suécia, a Tesla enfrenta, desde outubro de 2023, uma greve dos funcionários das oficinas de manutenção porque se recusa a aceitar que eles possam ter direitos de negociação coletiva que cubram salários e condições de trabalho. Aquilo que para os europeus é uma pretensão trivial, assente em centenas de anos de direitos, para Musk é uma excentricidade. Investidores institucionais nórdicos, como o PensionDanmark, já desinvestiram da Tesla porque a empresa não preenche requisitos mínimos de comportamento corporativo moderno.

Todas as empresas de Elon Musk têm índices baixos de sustentabilidade corporativa, uma abordagem de negócios que visa criar valor de longo prazo para as partes interessadas por meio do alinhamento do mandato econômico de uma empresa com práticas de sustentabilidade.

Agências de rating ESG como a Sustainalytics, MSCI e S&P, avaliam a Tesla com notas inferiores à maioria dos seus competidores na indústria de automóvel, incluindo os que fabricam carros alimentados a combustíveis fósseis. A MSCI alerta que a empresa está envolvida em controvérsias de nível moderado a severo em áreas como direitos trabalhistas e cadeia de suprimentos, governança corporativa (suborno e fraude) e direitos humanos e comunidade. A Tesla não tem uma meta de descarbonização.

Em 2023, em um evento do New York Times, Musk baixou o queixo, concedeu-se um momento de introspecção e disse humildemente: "como CEO da Tesla, fiz mais pelo meio ambiente do que qualquer ser humano na Terra". Como uma empresa que fabrica carros elétricos pode ser menos sustentável do que uma empresa dependente de petróleo, contrariando as afirmações de Musk? A resposta reside na complexa natureza da sustentabilidade corporativa, que engloba não apenas o impacto ambiental dos produtos finais, mas também a forma como são manufaturados.

Embora os carros elétricos representem um passo positivo na direção da descarbonização do transporte, a Tesla depende da exploração de minérios como níquel, cobre e lítio, cuja extração e processamento podem gerar impactos socioambientais negativos, como a poluição da água, a degradação do solo e a violação de direitos humanos. Além disso, os índices de governança interna da Tesla são amplamente criticados por especialistas e funcionários, com acusações de assédio sexual, longas jornadas de trabalho sem remuneração adequada e medidas antissindicais.

Elon Musk também é CEO da SpaceX, empresa que fabrica sistemas aeroespaciais e oferece serviços de transporte espacial. Em contraste com a Nasa, que possui um histórico exemplar de integração de modelagem e de medidas de proteção ambiental em suas avaliações de lançamento de foguetões, a SpaceX frequentemente ignora o impacto ambiental de suas atividades.

Em 2023, cinco organizações ambientalistas nos Estados Unidos entraram com um processo contra a Administração Federal de Aviação (FAA) por sua alegada falha em revisar adequadamente os protocolos ambientais da SpaceX. As ONGs argumentam que a FAA não exigiu à SpaceX estudos de impacto ambiental relativos aos lançamentos e às potenciais explosões de foguetões. Em contraste, a NASA adota uma abordagem mais transparente e colaborativa, convidando agências governamentais e não governamentais para avaliarem, contribuírem e monitorarem o impacto ambiental das suas atividades espaciais.

A taxa de acidentes no trabalho da SpaceX é sete vezes maior do que a média da indústria, segundo uma investigação recente da Reuters.

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