Importância do primeiro voto vai além das urnas

Meu primeiro voto foi aos 17 anos. Tirei o título de eleitor para participar das eleições municipais de 2023. Não era a mais entusiasta das jovens eleitoras, mas queria aproveitar a oportunidade de emitir um documento obrigatório, sem precisar ir presencialmente ao cartório.

As medidas de isolamento da Covid-19 me permitiram realizar todo o processo de alistamento eleitoral pela internet.

Diante da urna, antes de apertar o botão verde e ouvir o barulhinho, me dei conta da responsabilidade em minhas mãos. Estava escolhendo quem iria me representar no governo municipal e fazer minha voz ser ouvida nos próximos quatro anos.

Esse direito, que também é um dever, nem sempre me pertenceu, uma vez que o voto no Brasil já foi censitário, com gênero, renda, idade e alfabetização limitando quem poderia participar da vida política.

A inclusão foi gradual e, hoje, o voto é universal e obrigatório a todo cidadão brasileiro entre 18 e 70 anos, sendo facultativo a partir de 16 anos e para maiores de 70.

O título de eleitor, documento representativo desse direito, tem importância para além das urnas. Ele é necessário, por exemplo, para realizar matrícula em instituições públicas de ensino pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), para renovar ou emitir passaporte, para assumir cargo público e para diversas outras atividades.

Além disso, o voto é considerado símbolo da democracia, ainda que ela não esteja limitada ao processo eleitoral.

No Coletivo Elzas, realizamos dinâmicas em um colégio federal no Rio de Janeiro para auxiliar estudantes com a emissão do título de eleitor. Enquanto fazemos essa atividade, perguntamos: o que é a democracia para você?

Muitos fazem um momento de silêncio tentando encontrar uma boa definição, enquanto outros são rápidos em associar democracia ao "poder de se expressar" e ao direito de "ter a voz ouvida".

Mas esses mesmos jovens manifestam frustração com seus representantes, seja porque eles não estão atentos aos seus interesses da juventude, seja porque há pouca diversidade de gênero, renda, raça e etnia. Exemplo disso é a composição pouco diversa da Câmara dos Deputados.

Há uma desconexão entre jovens e representantes políticos, o que pode se agravar neste ano em que é obrigatório o comparecimento presencial no cartório eleitoral para a emissão do título de eleitor.

Para reverter esse quadro, a escola é um dos principais agentes, sendo espaço privilegiado para exercitar a democracia e encontrar ambientes estimulantes para falar, ouvir e elaborar propostas ou ações coletivas.

Também foi na escola que pude entender que a democracia vai além das eleições governamentais. O grêmio estudantil, por exemplo, eleito por meio de votação, representa opiniões e reivindicações dos estudantes frente ao corpo docente.

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