Sadiq Khan é reeleito prefeito de Londres para terceiro mandato

Sadiq Khan, 53, foi reeleito prefeito de Londres, de acordo com resultados finais divulgados neste sábado (4). À frente da capital britânica desde 2016, Khan chega a um inédito terceiro mandato para o cargo. O triunfo trabalhista marca a pior derrota dos conservadores em pleitos municipais nos últimos 40 anos e eleva a pressão sobre eles para as eleições gerais, que devem ocorrer no segundo semestre, em data ainda não definida.

A vitória de Khan era esperada, ainda que parte do eleitorado estivesse descontente com o aumento da criminalidade e com uma taxa ambiental cobrada de proprietários de veículos mais antigos e poluentes.

Sadiq Khan assumiu a Prefeitura londrina ao suceder o conservador Boris Johnson, que se tornaria premiê em 2023. Antes de virar prefeito, Khan foi advogado, ministro e deputado. Ele nasceu na Inglaterra, mas tem origens paquistanesas e veio de uma família muçulmana —seu pai foi motorista de ônibus.

O saldo das eleições locais foi desastroso para o Partido Conservador do premiê Rishi Sunak, que sofre com baixa popularidade. Na sexta (3), Sunak admitiu o revés. "Obviamente é decepcionante perder bons líderes locais conservadores, e sou grato a eles por todo o serviço prestado, mantendo o imposto municipal baixo e fornecendo serviços para a população", afirmou.

Em seu discurso de vitória neste sábado, Khan falou em trabalhar por uma Londres "mais justa, segura e verde". "Foram meses difíceis, enfrentamos uma campanha de negatividade incessante", afirmou o trabalhista, que obteve 43,8% dos votos, contra 32,7% da conservadora Susan Hall.

Na quinta (2), os britânicos foram às urnas para votar para mais de 2.000 assentos de autoridades locais, no que foi considerado o último grande teste antes das eleições gerais.

Além de Londres, os trabalhistas levaram as prefeituras de cidades importantes, como Manchester, Liverpool, Leeds e Sheffield.

Na disputada West Midlands (Birmingham), o prefeito conservador Andy Street —que buscava um terceiro mandato— foi surpreendentemente derrotado pelo trabalhista Richard Parker.

Os conservadores tiveram que se contentar com a reeleição do prefeito de Tees Valley (leste), Ben Houchen, anunciada na sexta-feira. Sunak foi parabenizá-lo, considerando-o um sinal de que seus correligionários ainda podem reverter a situação.

Ao todo, os conservadores defendiam a manutenção de cerca de mil cargos de vereador e prefeito, dos quais perderam cerca de metade.

O desempenho confirma o prognóstico de que o Partido Trabalhista tem grandes chances de vencer as próximas eleições nacionais, o que levaria seu líder Keir Starmer ao poder e encerraria 14 anos de governo conservador.

Neste sábado, Starmer disse que é hora de "virar a página do declínio trabalhista e iniciar um período de renovação nacional".

Na maioria das pesquisas para as eleições gerais, os conservadores estão cerca de 20 pontos percentuais atrás dos trabalhistas. Em dezembro do ano passado, Sunak, cujo governo é reprovado pela maior parte da população, disse que o pleito ocorreria em 2024, ainda que os conservadores tenham até janeiro de 2025 para realizá-las.

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Segundo John Curtice, professor de Ciências Políticas, os trabalhistas se beneficiaram mais do "desejo [dos eleitores] de derrotar os conservadores" do que do "entusiasmo" por seu partido nessas eleições, onde a participação foi baixa (menos de 30% na maioria das circunscrições).

Pesa ainda contra a legenda governista a ascensão da sigla nacionalista e populista de direita Reform UK, fundada pelo defensor do brexit Nigel Farage, que pode tomar dos conservadores parte dos votos no pleito geral.

O primeiro-ministro ainda mantém esforços para se sustentar no cargo depois que escândalos e má gestão econômica derrubaram os antecessores Boris Johnson e Liz Truss em questão de meses em 2022, impactando a reputação do partido.

Uma das estratégias para tentar recuperar apoio dos eleitores foi uma controversa lei que permite enviar requisitantes de refúgio para Ruanda, na África, enquanto suas solicitações são analisadas pelo sistema migratório britânico. Na aprovação do texto, há quase duas semanas, o Parlamento derrubou todas as emendas propostas pela oposição, em uma vitória para Sunak.

Na quarta (1º), o governo anunciou que começou a prender os migrantes em situação irregular para mandá-los para o país africano.

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