Guerra em Gaza agrava crise existencial da Autoridade Nacional Palestina

A Autoridade Nacional Palestina (ANP) completa 30 anos neste sábado (4) em uma crise existencial. Criada para governar a Cisjordânia por um período curto, nunca concretizou a expectativa de virar um Estado independente.

Suas agruras ficaram ainda mais evidentes nos últimos meses, em que assistiu —de longe e de mãos atadas— ao atentado do grupo terrorista Hamas e à subsequente campanha militar israelense na Faixa de Gaza.

"A Autoridade Palestina foi reduzida a um espectador impotente", afirma Mouin Rabbani, especialista em política palestina e no conflito com Israel. Esta guerra é, assim, mais um teste para a sua sobrevivência.

Suas origens estão nos Acordos de Oslo, assinados por palestinos e israelenses em 1993. A ideia era, naquele momento, criar uma espécie de governo para o território da Cisjordânia —e negociar a paz com Israel.

Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo

No papel, o plano era que a Autoridade Palestina existisse por cinco anos, enquanto as conversas avançavam. A realidade, porém, frustrou aqueles sonhos. "Tornou-se uma instituição permanente", diz Rabbani.

Um dos problemas é que, apesar de ter sido visto desde o início como um Estado, o governo palestino nunca teve poderes plenos. Acordos subsequentes limitam sua jurisdição a trechos isolados da Cisjordânia.

Em 1995, acordos dividiram a Cisjordânia em três tipos de territórios. A Autoridade Palestina tem controle da chamada Área A. Já na Área B, divide o poder com Israel. A Área C está sob comando total israelense.

Na prática, portanto, os palestinos governam o que especialistas descrevem como um arquipélago. São territórios isolados entre si. Israel gerencia todo o movimento com uma série de postos de controle militar.

Rabbani é bastante crítico a este arranjo. "Os Acordos de Oslo não foram desenhados para haver uma transição entre a ocupação israelense e um Estado palestino", diz. Não era factível que encerrasse os conflitos.

Em seguida, as negociações degringolaram. Um extremista judeu assassinou o então premiê israelense Yitzhak Rabin em 1995 e, entre ciclos de violência, os seus sucessores foram se afastando das conversas pela paz.

Na prática, diz Rabbani, a Autoridade Palestina passou a atuar como uma espécie de força auxiliar de Israel na Cisjordânia. Isso no sentido de que esse órgão arca com a administração dos territórios sem ter poder.

A crise institucional se agravou nos anos 2000. Em 2005, Israel se retirou da Faixa de Gaza, que tinha ocupado em 1967. O comando foi repassado para a Autoridade Palestina, ampliando pois o escopo de Oslo.

O que você está lendo é [Guerra em Gaza agrava crise existencial da Autoridade Nacional Palestina].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...