Inédito há séculos, poema histórico sobre Minas Gerais é publicado pela primeira vez

Um esforço da Editora da Universidade de São Paulo resgatou e agora publica pela primeira vez um texto que permanecia inédito há quase três séculos de um dos grandes autores do arcadismo luso-brasileiro, José Basílio da Gama, que foi aliado do Marquês de Pombal e autor do épico "O Uraguai", uma das obras mais estudadas do século 18.

O manuscrito de "Brasilienses Aurifodinae", escrito entre 1762 e 1764 em latim e agora editado como "As Minas de Ouro do Brasil", estava guardado na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin depois de passar pelas gavetas do próprio Mindlin e do bibliófilo Rubens Borba de Moraes.

A insistência da pesquisadora carioca Vania Pinheiro Chaves e da professora lusitana Alexandra de Brito Mariano —agora tradutora pioneira da obra do latim para o português— culminou nesta publicação, que foi abraçada pelo influente editor Plinio Martins Filho na Edusp.

O longo poema de Basílio da Gama, nascido na cidade que se tornaria Tiradentes, funciona como um raro relato do auge do ciclo do ouro em Minas Gerais, oferecendo testemunho detalhado do cotidiano escravocrata e, segundo o professor de literatura Augusto Massi, que assina a orelha, um dos primeiros registros escritos sobre a população indígena daquela época.

Após um processo suado de edição, a obra finalmente será lançada com pompa num evento na Biblioteca Guita e José Mindlin em 14 de maio, numa publicação de capa dura e bilíngue, com aparatos caprichados como introdução de Vania Chaves, posfácio da historiadora mineira Junia Furtado, ilustrações atribuíveis ao próprio autor e reprodução de vários dos manuscritos, que continuam carinhosamente guardados na USP.

Receba no seu email uma seleção com lançamentos, clássicos e curiosidades literárias

💥️NOTÍCIAS DOS PORÕES A Tinta-da-China também se dedica ao resgate de testemunhos de um período duro que nunca haviam sido editados em livro. "Despotismo Tropical: A Ditadura e a Abertura Política nas Crônicas de Julia Juruna" é a reunião dos textos publicados no jornal francês Le Monde Diplomatique pelo jovem historiador Luiz Felipe de Alencastro em 1976. O uso do pseudônimo de uma mulher indígena foi a saída encontrada por Alencastro para falar na imprensa sobre a violência da ditadura no Brasil em período tão repressivo. O livro, organizado pelo também historiador Rodrigo Bonciani, deve sair ainda este mês.

O que você está lendo é [Inédito há séculos, poema histórico sobre Minas Gerais é publicado pela primeira vez].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...