Depois do dilúvio, vêm os cogumelos

Os planos para o fim de semana incluíam uma degustação de cogumelos porcini frescos.

Até pouco tempo atrás, encontravam-se no Brasil apenas os funghi desidratados, importados da Itália. Recentemente, foi descoberta a ocorrência selvagem do gênero Boletus em algumas regiões do país.

Os italianos quedaram-se incrédulos. Era absolutamente impossível. Funghi porcini, só nos bosques temperados de carvalhos e castanheiras.

Por fim, aceitou-se que o cogumelo brasileiro era o mesmo da Europa. Presume-se que seus esporos tenham viajado em carregamentos de madeira ou mesmo na bagagem dos imigrantes que povoaram o sul do Brasil.

O plano consistia em empanturrar-me de funghi porcini no restaurante Primo Camilo, em Garibaldi, na Serra Gaúcha. Esta é a temporada dos cogumelos, quando o dono do lugar se enfia no mato com uma faquinha e um cesto.

Se planos fossem feitos de granito, era de lá que eu escreveria este texto. Ou de algum lugar em Porto Alegre, ilhado pelas águas do dilúvio, impossibilitado de seguir viagem.

Mas planos são feitos de argila, podem ser modelados, remodelados e se dissolvem na água. O meu plano virou lama por ora, e eu não tenho o menor direito de reclamar disso.

Dói ver a catástrofe numa terra onde a vida gira em torno da mesa, da comida e da bebida.

O que você está lendo é [Depois do dilúvio, vêm os cogumelos].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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