Turbulências

Os mercados entraram numa espiral de aversão ao risco nas últimas três semanas. Fatores externos predominaram, mas contribuíram para realçar questões domésticas recorrentes.

Depois dos ajustes mais acentuados a curto prazo, os agentes econômicos tendem a se acomodar à ideia de juros mais altos por mais tempo.

O acionador desse processo foi a divulgação dos dados de inflação ao consumidor nos EUA, os quais, no primeiro trimestre deste ano, e após um processo de desinflação acelerado no segundo semestre de 2023, vieram acima das expectativas e com composição pior.

A variação anual ficou estagnada em 3,8%, ainda muito distante da meta de inflação de 2%. A inflação de serviços voltou a acelerar, e o índice "cheio" só não foi mais alto por causa da contribuição vinda da parte dos bens, que segue contida.

Também fez preço o dado mais fraco de crescimento no primeiro trimestre, mostrando a economia americana ainda impulsionada por gastos públicos.

A participação dos gastos do governo no PIB, que costumava ser inferior a 20%, respondeu por 30% do crescimento de 2,5% em 2023. Isso amplia incertezas sobre como reagirá a economia após um período prolongado de juros reais elevados e mediante a moderação de impulsos fiscais.

Com isso, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano), na sua reunião mais recente, continuou sinalizando que deverá cortar juros ainda neste ano e afastou discussões sobre possíveis altas, trazendo uma comunicação vista como mais suave.

Contudo, diante das surpresas inflacionárias, as expectativas de redução dos juros nos EUA recuaram, e os mercados esperam agora de um a dois cortes até o fim do ano.

O deslocamento para cima da curva de juros norte-americana (cerca de 0,2 ponto percentual) impactou o dólar, que voltou a se fortalecer globalmente. As Bolsas foram menos impactadas, com o índice do S&P situando-se pouco abaixo das máximas históricas.

Quase simultaneamente, ocorreu a escalada do conflito no Oriente Médio. O mercado segue monitorando riscos para o preço do petróleo e para a cadeia de suprimentos global. No caso do petróleo, o impacto do conflito poderia vir da redução das exportações do Irã, ou da redução do fluxo de óleo da região.

Por ora, a oferta permanece sem maiores contratempos, e os preços ainda sobem 10% no ano, perfazendo média de US$ 84/barril. Os preços tendem a subir na segunda metade do ano em razão da demanda sazonalmente mais forte no hemisfério Norte.

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