Clima trágico

Um novo tormento se abate sobre o Rio Grande do Sul, com volumes inauditos de precipitação. Em dois dias, choveu mais que o triplo da média para o mês de maio. A frequência dos desastres meteorológicos exige de autoridades uma guinada na maneira de enfrentá-los.

Trata-se do quinto flagelo climático a assolar os gaúchos em menos de um ano. Em junho de 2023, um ciclone varreu o estado; de julho a dezembro, tempestades afetaram a vida de milhões de pessoas.

A gestão estadual agora volta a declarar calamidade pública. Até a manhã desta sexta-feira (3), 351,6 mil pessoas e 235 municípios haviam sido afetados. Ao final da tarde, contavam-se 39 mortos.

É fundamental o apoio do governo federal, que já anunciou envio de cem agentes da Força Nacional e 31 veículos de transporte.

Mas, dada a dimensão da tragédia, que deixou milhares sem casas e meios de subsistência, além da perda de entes queridos, toda ação parece insuficiente para aplacar tamanho sofrimento.

Parece claro que há algo anormal em curso e que o aquecimento global está na raiz. Ainda que eventos extremos possam decorrer da variação natural do clima, tal se afigura cada vez mais improvável.

O poder público precisa, portanto, se preparar para os piores cenários. Nada do que ora acontece deixou de ser previsto pela ciência.

Permanece urgente mitigar o aquecimento global cortando emissões de gases de efeito estufa de forma mais drástica e decidida do que se fez até agora —mas, em realidade, elas seguem em alta no mundo.

Já no curto e médio prazo, a adaptação à mudança climática já deveria ser prioridade de gestores.

Governo federal, estados e municípios precisam criar planos de ação integrada para mitigar os efeitos do aquecimento e as fatalidades dos eventos gerados —em setores como legislação florestal, já que áreas verdes são essenciais para conter enchentes, e saneamento básico, vexatório no Brasil.

Se no âmbito global há entraves para reduzir e cortar as emissões de carbono, autoridades locais precisam se precaver para que eventos extremos ao menos não se tornem eventos catastróficos.

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