A US$ 2 milhões por minuto, o tesouro dos EUA estão produzindo dinheiro como nunca antes

Pela primeira vez em quase uma geração, a renda fixa está honrando seu nome.

Isso, em certo nível, é simplesmente consequência das taxas de juros nos Estados Unidos saltando de 0% para mais de 5% em um período de dois anos.

Mas em um momento em que toda Wall Street parece obcecada com a possibilidade de o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) cortar as taxas de juros este ano —e acaloradas discussões surgem sobre se o título do governo de 10 anos deveria render, digamos, 4,5% ou 4,65%— é fácil perder de vista um fato importante: Depois de serem mantidos reféns por políticas de taxa zero por quase duas décadas, os títulos do Tesouro dos EUA finalmente estão voltando ao seu papel tradicional na economia.

Ou seja, como uma fonte de renda na qual os investidores podem se fixar e confiar, ano após ano, por muitos anos —independente de onde os rendimentos estejam em um determinado momento.

Os números contam a história. No ano passado, os investidores embolsaram quase US$ 900 bilhões (R$ 4,5 trilhões) em juros anuais da dívida do governo dos EUA, o dobro da média da década anterior. Isso está previsto para aumentar, já que mais de 90% dos títulos do tesouro têm rendimentos de 4% ou mais. Em meados de 2023, apenas 5% rendiam tanto. Devido aos juros mais altos, os investidores também estão mais protegidos contra qualquer aumento nas taxas de ganhos. Atualmente, as taxas precisariam subir mais de 0,75 ponto percentual no próximo ano antes que os títulos começassem a perder dinheiro, pelo menos no papel.

Na última década, essa margem de segurança às vezes praticamente desapareceu.

"Com a ajuda de nossos amigos no Fed, eles colocaram ‘renda’ de volta na renda fixa", disse Anne Walsh, que supervisiona cerca de US$ 320 bilhões (R$ 1,6 trilhão) como diretora de investimentos da Guggenheim Partners Investment Management. "E os investidores de renda fixa, nós colhemos os benefícios do maior rendimento. Isso é uma coisa boa."

Duas recentes tendências econômicas têm trabalhado a favor deles.

A primeira é que, embora a inflação esteja tentadoramente próxima do ponto em que o Fed poderia considerar cortar as taxas de juros, ultimamente, o progresso em direção à sua meta de 2% de inflação estagnou. Isso adiou as expectativas de corte de taxas para, pelo menos, a última parte do ano.

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Em segundo lugar, e talvez mais importante, é simplesmente que a economia continua avançando (apesar de alguns sinais de desaceleração no mercado de trabalho), o que sugere que o Fed não precisará reduzir as taxas tanto quando começar a fazê-la.

Jerome Powell, presidente do Fed, enfatizou essa abordagem de esperar para ver em seus comentários na semana passada, depois que o banco central manteve as taxas estáveis, enquanto os traders atualmente veem apenas dois cortes de 0,25 p.p até o final do ano. No início do ano, eles estimavam em até seis cortes.

"Ninguém está mais focado no que poderia dar errado se as rodas saírem da economia", disse Blake Gwinn, chefe de estratégia de taxas de juros dos EUA na RBC Capital Markets. "E todo mês que passa é outro mês em que um corte não aconteceu."

Como resultado, ativos seguros como tesouro —de títulos de dívida do governo de um mês a 30 anos— agora têm algo a oferecer a qualquer pessoa que procura renda.

DINHEIRO, DINHEIRO E DINHEIRO

Em fevereiro, o Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA projetou que juros e dividendos pagos a indivíduos aumentarão para US$ 327 bilhões (R$ 1,65 trilhão) este ano —mais que dobro do valor na metade da década de 2010— e continuarão aumentando a cada ano ao longo da próxima década. Somente em março deste ano, o Departamento do Tesouro dos EUA pagou cerca de US$ 89 bilhões (R$ 450 bilhões) em juros aos detentores de títulos de dívida —ou aproximadamente US$ 2 milhões (R$ 10 milhões) por minuto.

Não é pouca ironia que a nova renda do tesouro possa estar desempenhando um papel em manter a narrativa de "mais alto por mais tempo" intacta. Um número pequeno, mas crescente, em Wall Street argumenta que, juntamente com aumento nos preços das ações, os juros pagos sobre os títulos e outros investimentos estão criando um efeito de riqueza material entre americanos, com o dinheiro extra atuando, como cheques de estímulo que apoiam a economia surpreendentemente resiliente.

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