Bolsa fecha em alta e dólar recua, com foco na ata do Copom e no balanço da Petrobras

A Bolsa brasileira fechou em alta de 0,28% nesta terça-feira (14), a 128.515,50 pontos, com investidores digerindo a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e o balanço da Petrobras no último trimestre.

Já o dólar encerrou a sessão em queda de 0,41%, cotado a R$ 5,130 na venda.

O mercado aguardava a ata do Comitê do BC (Banco Central) para antever os próximos passos da política monetária do país. De acordo com o documento, todos os membros da diretoria defenderam uma postura mais contracionista e cautelosa, apesar da decisão dividida sobre o ritmo de corte da taxa Selic.

A taxa básica de juros do país foi reduzida em 0,25 ponto percentual na reunião da semana passada, indo de 10,75% para 10,50% ao ano. O movimento aconteceu após seis quedas consecutivas de 0,50 ponto —corte até então sinalizado pelo BC para a reunião de maio pelo chamado "foward guidance", mas revisto diante de uma conjuntura de maior incerteza no cenário global e doméstico.

Foram cinco votos favoráveis à redução de menor magnitude, contra quatro favoráveis ao de 0,50 ponto —todos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a incluir Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, favorito na disputa para ser o próximo chefe da instituição.

A divisão interna no Copom levantou temores sobre mudanças no perfil do colegiado, possivelmente mais leniente em relação à inflação, e sobre um possível viés político na autarquia a partir de 2025, quando os indicados por Lula formarão uma maioria na diretoria.

A ata, porém, indicou que, apesar da divergência dos quatro diretores, eles compartilharam da percepção de aumento da incerteza e mostraram "firme compromisso" com o atingimento da meta de inflação e a reancoragem das expectativas.

"O Comitê claramente tentou provar que não há discordância sobre a trajetória e sobre a necessidade de ancoragem da política monetária", ressaltou a equipe da Levante Inside Corp, em relatório enviado a clientes nesta terça.

"O que ocorreu foi um debate sobre a pertinência e os custos de não cumprir o indicado no 'forward guidance' da reunião anterior. Se o texto foi convincente ou não, apenas o tempo —e os preços— dirão."

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Na análise dos diretores favoráveis ao corte de 0,50 ponto, a mudança de rota poderia implicar em um "custo reputacional" à instituição.

"Tais membros discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê", disse a ata.

A ala majoritária, porém, ressaltou que a orientação indicada na reunião anterior "sempre foi condicional".

"Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas."

O Ibovespa, em resposta à ata, chegou a atingir a máxima de 128.961,78 pontos no início da tarde amparado pelas curvas de juros futuros, até perder força com pressão dos papéis da Petrobras.

Os juros de longo prazo encerraram a terça-feira em baixa firme, enquanto os de curto prazo tiveram alta, diante do tom mais duro da ata do Copom.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,335%, ante 10,316% do ajuste anterior, uma alta de cerca de 2 pontos-base.

Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,56%, ante 10,583% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,9%, ante 10,974%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,19%, ante 11,288%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,6%, ante 11,727%.

"A ata trouxe uma visão melhor do que a primeira impressão causada pelo comunicado, com menor divergência entre os membros e evidenciando a argumentação técnica da ala que defendeu o corte de 0,5 p.p. da Selic", avalia Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

"Isto deu amparo para o Ibovespa manter a alta, apesar da pressão causada pelas perdas das ações da Petrobras e o desempenho frágil dos pares de Wall Street, onde o PPI avançou ligeiramente acima do esperado, mas no fim teve leitura mista, inclusive pelo presidente do Fed."

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