Venda de pneu importado dobra sem cumprir meta ambiental para descarte

A venda de pneus importados, principalmente asiáticos, mais que dobrou em seis anos devido ao preço mais baixo que o dos nacionais, e esse fenômeno gera um passivo ambiental cada vez maior no Brasil.

Relatório do Ibama mostra que, enquanto ganham mercado, os importadores descumprem, todo ano, a meta de destinação adequada dos produtos.

Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determinam que, para cada pneu novo vendido, outro considerado inservível deve ser descartado. A regra tem de ser cumprida tanto por fabricantes nacionais quanto importadores.

O recolhimento do material deve ser feito em pontos de coleta, com ajuda dos varejistas. De acordo com o relatório, essa exigência nunca foi atendida pelos importadores.

Dados do Ibama indicam que a média de descarte adequado pelos importadores foi de 82% por ano desde 2009. Em alguns períodos, no entanto, como em 2011 e 2013, ficou abaixo de 70%.

A situação preocupa as autoridades ambientais, diante do rápido avanço desse setor no mercado.

Em 2023, as importações de pneus para carros de passeio vindos do exterior atingiram 31,5 milhões de unidades, ante 14,7 milhões em 2017, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

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Com essa marca, pela primeira vez, os importados ultrapassaram a indústria nacional (27,5 milhões) —que, dotada de melhor estrutura de logística reversa, manteve a média de 101% de coleta entre 2009 e 2022.

Em outras categorias, como os pneus de carga, os importados também vêm exibindo tendência de crescimento e a expectativa é que ultrapassem as vendas de nacionais neste ano ou no próximo.

O Ministério do Meio Ambiente afirma que os pneus se degradam com muita dificuldade, permanecendo até 600 anos na natureza.

Além disso, são focos para o mosquito da dengue e ocupam espaços enormes nas cidades.

Guerra de preços

O preço é a principal vantagem competitiva dos produtos estrangeiros, vindos de países como China, Vietnã, Índia e Malásia.

No entanto, um estudo da Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) —que representa empresas como Bridgestone, Continental, Goodyear, Pirelli e Michelin— mostra que, apesar de mais baratos, os pneus estrangeiros duram menos.

Se um caminhoneiro rodar 300 mil quilômetros com pneus nacionais, por exemplo, ele precisaria comprar dois conjuntos de pneus a cada 75 mil quilômetros e realizar duas reformas até o fim do período de vida útil.

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