Jornalista investe em notícias do Limão e quer revolucionar bairro paulistano

O chefe de Guilherme Fuoco, 34, não conseguia acreditar: como assim queria pedir demissão da TV Globo? Era o lugar em que tinha uma carreira como editor de textos. Havia acabado de participar da cobertura da Copa do Mundo de 2018.

Largaria tudo aquilo para fazer jornalismo comunitário no bairro onde nasceu? Soava loucura, ele mesmo concorda.

Isso foi há cinco anos. Hoje em dia, Fuoco tem mais de cem anunciantes, emprega 13 pessoas e almeja chegar a faturamento de R$ 100 mil mensais com postagens, vídeos, marketing e jornalismo sobre o Limão, na zona norte de São Paulo.

Ele não declara o faturamento do "Tem no Limão", empreendimento que funciona principalmente por meio do Instagram. São quase 40 mil seguidores para um bairro com cerca de 80 mil habitantes.

Jornalista de formação, Fuoco reconhece que talvez esteja mais perto dos "seis dígitos" de faturamento do que imagina. Mas precisa ainda contabilizar também tudo o que faz no sistema de permutas, como o aluguel do escritório em que funciona a empresa, por exemplo.

Seus planos, segundo ele, vão bem além de ser um canal comunitário, porém. Diz desejar transformar o bairro.

"Fazemos a divulgação do Limão. Mostramos os problemas, cobramos a prefeitura. A gente quer fazer o Limão se conhecer. Por isso usamos o lema de que ‘não precisa sair do bairro. Tem no Limão’", afirma.

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O empresário e o canal se tornaram referência na região. Comerciantes, ao escutarem sua voz, batem à porta apenas para cumprimentá-lo. Nada mal para quem começou, antes mesmo de sair da Globo, com faturamento de R$ 500 mensais.

A ideia acendeu quando lhe pediram para administrar a conta do programa Globo Esporte no Instagram. Fuoco percebia a repercussão das postagens, o engajamento e pensou "por que não fazer aquilo no seu bairro?".

Começou a bater de porta em porta. Apresentava-se aos comerciantes, falava o que pretendia e angariava "clientes" que não lhe pagavam nada ou quase nada. Era uma experiência. Até que uma pizzaria ofereceu R$ 150 mensais.

"Foi quando eu pensei: espera aí. Dá para ganhar dinheiro com isso?"

Dava. Em cinco anos, ele já teve acordos com empresas de todos os tamanhos. Fechou contrato com McDonald’s, a Construtora Tenda, barbearias e o ambulante da esquina.

"Cada um tem uma tabela de preços. Questão de bom senso. Eu não posso cobrar o mesmo valor da lanchonete do bairro e de uma empresa multinacional", diz.

No ano passado, em 28 de maio, Dia do Hambúrguer, publicou um post sobre a promoção de um comércio da região. O dono depois pediu o texto fosse apagado: não conseguia dar conta da demanda. O mesmo aconteceu com a divulgação de uma pizza em formato de coração para o Dia dos Namorados.

"Já tive contrato de R$ 36 mil. Já tive contrato com o tio do milho que até hoje nos dá o produto de graça. É muito variável."

As cobranças ao Poder Público já fizeram o prefeito Ricardo Nunes (MDB) reclamar que o "Tem no Limão" é muito crítico. O então governador Rodrigo Garcia (sem partido) aceitou dar uma entrevista exclusiva em evento no Centro de Tradições Nordestinas, uma das principais atrações do Limão.

"Em época de eleições somos procurados por muitos políticos à procura de parcerias. Recusamos todas. Estudamos a criação de conteúdo e fazemos o que está dando mais engajamento para o bairro naquele momento. É conteúdo engraçadinho? Fazemos. São as lives? Fazemos. Criamos também o podcast Limão Cast", completa.

Segundo a Prefeitura de São Paulo, o bairro tem esse nome por causa de um pé de limão bravo encontrado na divisa com a Freguesia do Ó. Fuoco quer revolucionar a região usando a fruta como referência.

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