Ela trocou marido abusivo pela vizinha: fiquei chocada, mas era amor

Regilene (à direita) decidiu se declarar para a vizinha, Irislandia, há 11 anos - Arquivo Pessoal

Após assumirem a relação, Regilene e Irislandia enfrentaram juntas o preconceito - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal Os filhos do casal tiveram dificuldades para entender a relação das mães no início, mas com o tempo se tornaram os maiores apoiadores - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal

Irislandia pediu a separação após o ex-marido espancá-la na porta de casa, com várias testemunhas. Quando ele ficou sabendo, a difamou de todas as formas e elas passaram a enfrentar o preconceito de muitas pessoas.

Ele a impediu de ficar na casa e ela iniciou um lento processo de separação litigiosa na Justiça. Irislandia então decidiu morar com a vizinha. Deixou a residência onde viveu com o ex-marido por muitos anos, com apenas uma mala e algumas peças de roupas, e foi morar na casa da companheira.

"Nossos filhos também tiveram problemas em aceitar", lembra a professora. "Os dois mais velhos já sabiam e estavam tentando lidar com a situação, mas os dois mais novos ainda não sabiam, ficaram sabendo porque alguns coleguinhas os provocaram um dia, dizendo que as mães deles eram sapatões. Conversamos muito com eles, de um jeito que eles entendessem melhor. Deu certo."

Regilene lembra que, para a mãe, o impacto da notícia foi forte. Ela ficou uma semana sem falar com a filha. Já a mãe da professora ficou mais de um ano sem falar com ela. Na escola, Iris também enfrentou brincadeiras maldosas de alunos e olhares atravessados de professores.

Dos amigos, apenas alguns se afastaram. Porém, à medida que a notícia do romance entre as vizinhas deixava de ser novidade, os problemas diminuíam e hoje elas têm muitos casais de amigos, em sua maioria heterossexuais.

"Queremos envelhecer juntas", afirma Irislandia. "Temos uma família linda, vivemos esses anos todos cuidando e educando nossos filhos e já temos um netinho, o Pedro, que ama as vovós. Ele nos traz muita alegria".

Casar e viajar

Atualmente, as duas vivem em união estável, mas têm planos de oficializar o casamento no civil, como prova de "amor eterno" e para a garantia dos direitos de ambas. Elas comemoraram 11 anos juntas no dia 30 de março.

Como a professora está prestes a se aposentar, os planos também incluem viajar para outros locais do Brasil, distantes do Amapá. Os filhos já são adultos, e a ideia é encontrar um lugar em que possam viver felizes, até que a morte as separe.

"Nosso amor vai muito além da atração física, da paixão", declara Regilene.

É um encontro de almas. Com certeza a gente já se conhecia de outras vidas, porque o que aconteceu a gente não sabe explicar. Nunca tivemos, nem eu nem Iris, experiências homossexuais. Então a gente ficar juntas foi coisa do destino mesmo

"Eu hoje digo que, na minha relação com meu ex-marido, eu estava construindo um castelo de areia, que o mar a qualquer momento podia derrubar. Mas a minha relação com a Regilene é sólida, os alicerces são de concreto. Começou com uma amizade muito forte e se transformou em amor. Na base da confiança, do respeito. Hoje não nos imaginamos uma longe da outra. Eu não saberia viver sem ela", diz Irislandia.

Como denunciar violência

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 180 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

É possível realizar denúncias pelo número 180 — a Central de Atendimento à Mulher, que funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.

A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos. Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e a página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.

Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.

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