King Kong Fran: peça que humilha homens vira fenômeno de público

só para assinantes

Cristina Fibe

Era a confirmação do fenômeno visto no Rio de Janeiro: na cidade da atriz Rafaela Azevedo, 12 mil pessoas assistiram ao espetáculo —que não teve patrocínio e foi feito por financiamento coletivo— em seis meses. Nesta semana, os ingressos para uma única apresentação marcada para o fim de julho em Belo Horizonte se esgotaram em menos de uma hora.

As plateias lotadas e majoritariamente femininas recebem o trabalho com gritos, gargalhadas e lágrimas. Já os homens (hétero), levados até ali por curiosidade ou incentivo das companheiras, se encolhem constrangidos. Com toda razão.

Fran, alter ego da roteirista e palhaça Rafaela, dá a eles o veneno que nós tomamos desde que nascemos.

Cínica, charmosa e sedutora, ela vive num mundo em que mulheres dominam, transformando homens em objetos de desejo e motivo de chacota. Como acontece no mundo real, só que ao contrário.

O humor da palhaça escancara e inverte situações abusivas —sexuais e morais— que a protagonista já enfrentou. A misoginia no seu meio, historicamente dominado por homens, a fez romper com as tradições e buscar as suas próprias palhaçadas.

Como Rafaela/Fran diz, ela usa o humor para se comunicar com seu maior inimigo. E uma das armas é o ponto mais sensível dos homens: ela entra no palco empunhando um microfone em formato de pênis, mas um pênis de quase 40 cm. O sexo deles é o brinquedo dela.

Encarando a plateia, fantasiada de gorila, ela busca os machos com o olhar. E vai chegando perto, assertiva: quer ver se a roupa está marcando o que eles têm no meio das pernas. Se podem sentar perto um do outro. Se podem se acariciar. Ela gosta de ver os homens se beijando, se pegando. No limite, os subjuga para sentirem um pouco da violência que enfrentamos.

A quem acusa Rafaela/Fran de misandria, o ódio contra homens, ela explica que essa é uma falsa equivalência usada por quem não quer perder seus privilégios.

Rafaela Azevendo, criadora da peça "King Kong Fran" - DuHarte Fotografia/Divulgação - DuHarte Fotografia/Divulgação

"Sou fã dela. Fazemos um trabalho semelhante, é bom que a gente se una", afirma Rafaela. "Queremos levar o 'Mundo Invertido' da Claudia Campolina para o teatro. E vou com todo prazer e honra fazer parte da equipe criativa, na direção e na dramaturgia, ao lado dela."

Como diz Rafaela, a Fran é "uma pedrinha jogada no rio". "Pra reverberar, a gente precisa de novas referências. Ela é uma possibilidade de nova construção de personagem e de personalidade feminina."

O que você está lendo é [King Kong Fran: peça que humilha homens vira fenômeno de público].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...