Coisas ruins acontecerão: mulher narra perseguição de ex-colega

Presentes e carta com ameaça recebidos por Gabriele - Arquivo pessoal

Camila Corsini

De Universa, em São Paulo

Segundo afirmou à polícia, Gabriele passou a receber não só comunicações online como encomendas e cartas em sua casa, na zona sul de São Paulo, em tom ameaçador.

"Você jogou no lixo todo meu carinho e me magoou muito por isso de agora pra frente melhor você ficar atenta porque coisas ruins acontecerão", dizia uma das correspondências enviadas por ele.

Desde então, nem ela nem a mãe ou a filha conseguem sair de casa por medo de que algo lhes aconteça. "Ele falou que vai infernizar a minha vida. Eu não estou conseguindo comer, não estou conseguindo dormir nem fazer nada", disse Gabriele.

Carta - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal Matheus tentou ligar mais de 150 vezes para Gabriele - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal Print - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal

É tortura. Não aguento mais ficar nesse pesadelo. As pessoas acham que não é um crime, mas é. Eu não queria que mulher nenhuma passasse pelo que eu estou passando e só queria que parasse.

Investigação

Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que o 36º Distrito Policial (Vila Mariana) instaurou inquérito e representou pela medida cautelar que proíbe o suspeito de fazer qualquer contato com a vítima e familiares dela, que foi deferido pelo Poder Judiciário.

"O autor foi informado pelo seu advogado sobre a medida protetiva. Ele foi intimado a prestar depoimento. A equipe da unidade segue trabalhando em busca de outros elementos para esclarecer os fatos."

Crime de stalking

Desde 2023, o crime de perseguição é tipificado pela lei 14.132, que adicionou ao Código Penal o artigo 147-A.

"Esse artigo vai punir quem perseguir alguém reiteradamente por qualquer meio, ameaçando a integridade física e psicológica, restringindo a capacidade de locomoção ou de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade", explica a advogada criminalista Adriana D'Urso, secretária-geral da Comissão da Mulher Advogada da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).

A pena prevista para crime de perseguição é de seis meses a dois anos de reclusão, além de multa. "E essa pena vai ser aumentada se o crime for cometido contra criança, adolescente, idoso ou mulher", completa Adriana.

A advogada explica que a perseguição está ligada ao imaginário de uma pessoa seguindo a outra na rua ou esperando do outro lado da calçada. Mas, na "vida real", essas atitudes podem ser muito mais sutis e disfarçadas de comportamentos aparentemente positivos — como presentes.

Você acorda com um buquê de flores, no outro dia um chocolate. Mas, quando vem de uma pessoa que você não sabe quem é, e eles passam a mostrar um nível de conhecimento sobre a sua vida, você fica transtornada, sai na rua preocupada, olhando para os lados.
💥️Adriana D'Urso

Como denunciar violência contra a mulher

Se você está sofrendo violência de gênero ou conhece alguém que esteja passando por isso, pode ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 9610-0180.

Para denunciar formalmente, procure a delegacia próxima de sua casa ou então faça o boletim de ocorrência eletrônico, pela internet.

*O nome foi trocado a pedido da mulher

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