Hormônio bioidêntico é uma manobra de marketing, diz médico especialista VivaBem

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Silvia Ruiz

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Essa, aliás, é uma informação cada vez mais difundida na internet. "É uma mentira, uma falácia. Bioidêntico é uma manobra de marketing, só isso", diz o Alexandre Hohl, médico, professor de endocrinologia e metabologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e ex-presidente da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

Segundo ele, assim como todas as sociedades médicas nacionais e internacionais, os riscos e benefícios da reposição hormonal para mulheres no climatério, realizada com os hormônios chamados bioidênticos, feitos em farmácias de manipulação, ou os produzidos pela indústria farmacêutica e vendidos em farmácias comuns, são os mesmos.

Com um agravante: "Os manipulados podem ter riscos ainda maiores porque não trazem sequer uma bula com orientações sobre o uso seguro", alerta o especialista. Por que então falar em "bioidêntico" tem causado tanta confusão na cabeça das mulheres que buscam alívio para os sintomas da menopausa?

Women's Health Initiative, um estudo realizado nos EUA e desenhado com metodologia hoje considerada imprecisa, avaliou mais de 160 mil americanas em menopausa.

Esse estudo apontou que a reposição provocava um aumento pequeno do risco de câncer de mama e de doenças cardiovasculares. Segundo os autores, no caso do câncer de mama, esse aumento era "muito pequeno": menos de 0,1% ao ano.

Ao mesmo tempo, o mesmo estudo mostrou que houve benefícios como redução da perda óssea, do número de fraturas e da incidência de câncer de cólo.

💥Mas a divulgação desse estudo, hoje considerado ultrapassado, causou pânico e desinformação sobre a reposição hormonal que dura até hoje. Entre mulheres, mas também entre médicos.

"O que vemos hoje é a ideia de vender uma solução mágica para as mulheres com o argumento de que esses hormônios manipulados são mais seguros. Mas a verdade é que, se for fazer reposição, os cuidados são exatamente os mesmos", diz o especialista.

Para ele, essa foi uma maneira de alguns médicos venderem a ideia às pacientes, de que não precisariam temer a reposição com essa forma de aplicação.

O hormônio mais indicado para a reposição, segundo o Hohl, é o do tipo 17 beta estradiol, que é exatamente igual ao que a mulheres produzem. Existem maneiras diferentes de aplicação, que pode ser em gel transdérmico ou adesivos que são colados na pele, produzidos por laboratórios farmacêuticos e vendidos em farmácia comum com indicação médica. Ou seja, o tal hormônio igual ao das mulheres está disponível pronto, com controle da Anvisa e produzido com mais controle de segurança pela indústria.

Outro ponto fundamental levantado por Hohl é que, as mulheres que fizerem reposição do estrogênio e possuem útero, devem obrigatoriamente repor também a progesterona, para proteção do endométrio, o tecido que cobra a parte interna do útero. "É criminoso usar somente o estrogênio. O risco de causar até câncer de endométrio é alto", alerta ele.

Sabemos que a menopausa pode ser uma fase bem confusa para nós mulheres, há mais de 30 sintomas que podem surgir, e eles variam de intensidade em cada caso. Por isso, o primeiro passo para não cair em cilada na hora de buscar ajuda é estar bem-informada.

💥️Procure um médico de confiança e não acredite em tudo que ouve e lê nas redes sociais a esse respeito. Não caia na enganação de que, ao usar o hormônio produzido em farmácia de manipulação você estará mais segura e terá resultados melhores.

Saiba que o consenso entre as sociedades médicas internacionais é que os benefícios da reposição hormonal superam os riscos. Mas ela deve ser feita com acompanhamento médico frequente e na dose mínima satisfatória para reduzir os sintomas.

O que você está lendo é [Hormônio bioidêntico é uma manobra de marketing, diz médico especialista VivaBem].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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