Construção da ferrovia da soja vai 'acelerar a invasão' de terras indígenas

Pressionadas pela retomada da construção da controversa ferrovia EF-170, a Ferrogrão, 💥️lideranças de povos indígenas diretamente afetados por essa obra de infraestrutura na Amazônia exigem serem consultadas.

Também afirmam que vão lutar por reparação pelos impactos que já são sentidos nos territórios, muito antes de o projeto sair do papel.

💥️Mas os debates sobre os impactos econômicos positivos que a Ferrogão poderia agregar à logística regional reacendem alertas sobre os riscos socioambientais desse megaprojeto, principalmente nos territórios dos povos indígenas Kayapó, Munduruku e Panará.

Nesse contexto, não se pode desconsiderar que o traçado da Ferrogrão corre paralelamente à BR-163. Essa rodovia que liga Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, a Santarém, no Pará, é outra obra de histórico controverso, sobretudo no trecho Cuiabá-Santarém.

Traçado proposto da Ferrogrão/EF-170 (em amarelo)  - Reprodução - Reprodução

"Caso seja também implantado o terminal de transbordo de Matupá, perdas econômicas advindas de emissões de CO2 pelo desmatamento se situariam no patamar de US$ 1 bilhão (US$ 10/ton CO2) somente para as Terras Indígenas", advertem os especialistas.

💥️O estudo estipula uma perda de mais de 230 mil hectares em TIs de Mato Grosso até 2035 associados à construção da ferrovia. Mais da metade somente no Parque Indígena do Xingu.

"Soma-se a isso a redução do volume anual de chuvas que em algumas regiões já atingiu uma diminuição de 48%, acarretando em redução de produtividade agrícola e geração de energia de Belo Monte, que pode cair a 25% do máximo da capacidade, e mais uma perda incalculável de serviços ambientais e da rica sociobiodiversidade da região", acrescentam.

Como a implementação do terminal de Matupá tem o potencial de desencadear a divisão de blocos contíguos de florestas conservadas do Parque Indígena do Xingu e da Terra Indígena Capoto Jarina, os pesquisadores advertem que, "qualquer análise de impacto ambiental da Ferrogrão deve considerar toda a zona de influência do empreendimento, e não apenas os 10 km de cada lado da linha".

Os alertas complementam outro estudo da UFMG, de 2023, que já chamava a atenção para os riscos socioambientais envolvidos nessa infraestrutura ferroviária e reiterava a necessidade de respeito aos direitos de consulta dos povos indígenas.

Kokoba Mekrãgnotire, cacica da aldeia Mekrãgnoti Velho, durante o protesto que bloqueou a BR-163 em agosto de 2023 -  Instituto Kabu/divulgação -  Instituto Kabu/divulgação Doto Takak-Ire, líder indígena Kayapó Mekrãgnoti - Raissa Azeredo/Instituto Kabu - Raissa Azeredo/Instituto Kabu originalmente publicada no site da Mongabay Brasil.

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