Agricultora quer salvar a Caatinga por meio da educação

Na Caatinga, os umbuzeiros, árvore-símbolo do bioma, estão em flor e a agricultora Maria do Angico torce para que as "trovoadas" cheguem logo. Torrenciais, as chuvas do sertão levam este nome porque, quando começam na primavera, provocam tempestades, revitalizando a mata cinza que hibernava à espera do aguaceiro. Se a chuva cair sobre o fundo de pasto do Angico, em Canudos (BA), onde Maria mora, a cisterna-calçadão e o barreiro-trincheira serão reabastecidos. E ela, então, poderá fazer o que mais gosta: plantar hortaliças, verduras e ervas medicinais.

Os dois reservatórios para captação de água foram construídos graças a um programa da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), coordenado na região pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), ONG de Juazeiro (BA). Contemplada pelo projeto, Maria recebeu assessoria do instituto sobre como estocar e usar a água no quintal produtivo. A cisterna-calçadão tem capacidade para 52 mil litros e capta águas por meio de um piso de concreto onde a chuva cai e escoa para a caixa d'água. Já o barreiro é um tanque longo e estreito, no formato de uma trincheira, com capacidade para armazenar 500 mil litros.

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A cisterna-calçadão tem capacidade para 52 mil litros de água. - Acervo ASA - Acervo ASA Tanque longo e estreito no formato de uma trincheira, o barreiro-trincheira tem capacidade para armazenar 500 mil litros de água. - Acervo IRPAA - Acervo IRPAA Tanque longo e estreito no formato de uma trincheira, o barreiro-trincheira tem capacidade para armazenar 500 mil litros de água.

Além da assessoria às comunidades, o IRPAA, com 76 funcionários e atuante por todo o Nordeste, mantém um centro rural de treinamento de estudantes da área agrícola. O local é aberto à visitação e apresenta cerca de 50 tecnologias de produção e sobrevivência para o semiárido, algumas desenvolvidas pelas próprias comunidades com base no conhecimento tradicional. Maria não estudou por lá, mas sempre aproveita as rodas de aprendizagem que a ONG promove na região. Hoje, com 55 anos, está animada à frente de várias iniciativas. "Eu gosto mais de trabalhar para a comunidade do que para mim", diz, com um sorriso no rosto.

Da educação à memória, uma agenda de transformação

Atualmente, Maria organiza a feira anual da agricultura familiar, coordena a Formação de Mulheres de Fundo de Pasto para educação de lideranças femininas sobre direitos e, ainda, integra a equipe organizadora da Romaria de Canudos que, neste ano, acontece de 5 a 9 de outubro, resgatando a memória de um dos massacres mais violentos da história brasileira.

Em sua rotina, a agricultora também faz visitas às comunidades para transmitir seu conhecimento sobre a Caatinga às futuras gerações, trabalho mais do que necessário num bioma que, apesar de receber menor atenção, até o ano passado já havia perdido metade de sua vegetação.

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