De abelhas a concreto: como inovações israelenses protegem a vida selvagem

Bilhões de pessoas em diversos países se beneficiam diariamente do uso de espécies selvagens para a alimentação, produção de energia, de materiais, remédios e muitas outras contribuições vitais para o bem-estar humano. Essa relação está ameaçada pela acelerada crise global de biodiversidade, com um milhão de espécies de plantas e animais em risco de extinção.

Pensando nisso, Israel busca sempre soluções que salvem a vida selvagem. Temos poucos recursos naturais, já que mais da metade de nosso território é ocupado pelo Deserto do Neguev, o que criou um problema de escassez de água tão logo o país nasceu. Além disso, 80% da água consumida pela população vem do mar, o que nos leva a prestar muita atenção aos oceanos.

Todos os anos, mais de 350 milhões de toneladas de plásticos são produzidos no mundo. O plástico que chega ao mar mata anualmente mais de um milhão de animais marinhos. Para combater essa tendência, a startup israelense de tecnologia limpa, a Solotum, desenvolveu um novo tipo de bioplástico em seu laboratório. O produto é feito de material 100% ecológico e se dissolve completamente em água, sem afetar a composição do líquido. O material pode ser usado para fazer garrafas e embalagens de alimentos, por exemplo.

Sendo um país que beira o mar, assim como o Brasil, fazemos uso de concreto para muitas atividades marítimas, como a proteção da linha costeira, infraestrutura e aplicações offshore. No entanto, o concreto tradicional é prejudicial ao meio ambiente e não abriga nenhuma vida marinha quando é usado para aplicações à beira-mar.

Uma vez que a biodiversidade e um ecossistema equilibrado ao longo da costa são cruciais, pois proporcionam uma ampla gama de serviços ecossistêmicos, Israel viu a necessidade de uma solução mais ecológica. A startup ECOncrete criou, então, um concreto amigo dos animais, especialmente para a construção marinha. Ele contém uma mistura de materiais que incentivam o assentamento de animais que ajudam a purificar a água na área e incentivam o retorno do ambiente ecológico às áreas construídas.

Outra preocupação nossa é com a preservação das espécies polinizadoras. Sabemos que um mundo sem abelhas é um mundo não apenas sem mel, mas também sem frutas e castanhas, por exemplo. Como polinizadoras, as abelhas desempenham um papel essencial em todas as partes do ecossistema: do apoio ao desenvolvimento de árvores e flores até serem uma fonte de alimento para humanos, insetos e animais.

Cerca de 75% das culturas do mundo dependem, pelo menos em parte, da polinização. Infelizmente, a combinação de demanda moderna e mudanças climáticas, pragas e doenças, está causando uma diminuição rápida da população global de abelhas. Para combater isso, estamos nos esforçando para reabilitar a população de abelhas.

A Beewise, startup israelense, usou visão computacional, inteligência artificial e robótica de precisão para criar a primeira colmeia autônoma e robótica do mundo. Ela consiste em um dispositivo que pode abrigar até 2 milhões de abelhas e possibilita a manutenção da colmeia por meio de um aplicativo simples no telefone ou tablet do apicultor.

Estamos próximos de não conseguir mais reverter as consequências das mudanças climáticas. A preservação do meio ambiente e das espécies selvagens não pode ser uma preocupação de um único Estado. Israel pode não ter uma grande área, mas tem tecnologias que podem ser aplicadas em qualquer lugar do mundo. O Brasil possui diversas áreas de natureza selvagem que devem ser preservadas e incentivadas a prosperar. Certamente somos dois países que têm muito a contribuir nesse trabalho, inclusive um com o outro.

*Yonatan Gonen é Chefe de Missão Adjunto da Embaixada de Israel em Brasília.

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