Agricultura corre contra o tempo para produzir com sustentabilidade

A necessidade de ampliar a produção de alimentos e conservar a natureza são os dois principais desafios colocados diante da agricultura e a grande questão, neste caso, é saber se será possível conciliar aqueles objetivos antes que o processo de aquecimento global se torne incontornável. “Será que vai dar tempo?”, questiona Marina Piatto, diretora executiva do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), referindo-se ao cenário mundial, mas especialmente ao caso brasileiro, diante das dimensões e diversidade do País e da falta de “organização fundiária e política para fazer todo o processo andar rápido”.

Otimista, de toda forma, Piatto acredita que as pressões dos principais mercados compradores deverão acelerar a transição desejada. Segundo ela, o País já conseguiu desenvolver tecnologias e modelos de produção mais sustentáveis e a fatia mais moderna do agronegócio não precisa mais ser convencida a operar sua transição para uma agricultura de baixo carbono. Piatto reforça que o tempo é curto para escalar para todo o setor processos e tecnologias de conservação, mas as possibilidades estão diante do setor, assim como os riscos. “Precisamos cuidar para que seja uma transição justa, que não exclua os pequenos, como ocorreu no processo de expansão da soja. Temos que ter cuidado para que a transição seja inclusiva”, reforça.

Isso exigirá o desenvolvimento de modelos distintos de produção para grandes, médios e pequenos produtores, “mas todos focando em baixas emissões, sequestro de carbono e biodiversidade”, prossegue Piatto. Sistemas de produção mais diversos, a exemplo da exploração integrada de lavouras, pecuária e floresta, são de fato mais complexos, mas igualmente oferecem maior resiliência a eventos climáticos extremos, pontua, “o que tem a ver com a agenda da adaptação do setor às mudanças já em curso no clima mundial”.

💥️Produtividade

O incremento sustentável da produtividade desempenha papel estratégico na agenda da transição, acrescenta Piatto, ao permitir aumentar a produção sem a necessidade de desmatamento. “Ainda temos muito espaço para crescer em produtividade nas áreas já utilizadas hoje e ainda em áreas degradadas”, observa ela. Trabalho desenvolvido em 2022 pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) encontrou 52% das pastagens com algum nível de degradação, alcançando perto de 89,0 milhões de hectares. Se um terço delas tiver aptidão agrícola, arrisca Piatto, seria possível agregar à produção de proteínas vegetais algo próximo a 30,0 milhões de hectares, o que significaria aumentar a área total de grãos a uma taxa duas vezes maior do que o avanço de 14,8 milhões de hectares projetado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) entre os ciclos 2022/23 e 2032/33.

💥️Balanço

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