Deficiências logísticas levam a perdas de R$ 30,5 bilhões para exportações

A escassez de silos e sua má distribuição geográfica obrigam os produtores a acelerar a venda da produção, concentrando a desova das safras num espaço curto de tempo, pressionando toda a logística envolvida no escoamento e comercialização da produção, atingindo ainda o comércio exterior. “Todo esse volume de produtos, ao chegar aos portos, também enfrenta desafios para ser escoado. Os reflexos dessa logística sobrecarregada reverberam no mercado, resultando na redução dos prêmios de exportação”, constata Sergio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). No ano passado, lembra Paulo Bertolini, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), os prêmios negativos para a soja e o milho exportados resultaram em perdas próximas de R$ 30,5 bilhões, numa estimativa da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, numa avaliação realizada, por sua vez, sob encomenda da Kepler Weber.

A estrutura portuária igualmente termina sendo mais pressionada, afirma Mendes, gerando “um tempo de espera para embarque significativamente alongado, chegando a até 90 dias em alguns casos, muito acima da média mundial”. Segundo ele, a demora “impacta diretamente os prêmios de exportação, onerando os custos de frete e demandando o pagamento de diárias adicionais para os navios”. O índice elevado de propriedades rurais sem estruturas de armazenagem, complementa Elisângela Pereira Lopes, assessora técnica da Comissão de Logística e Infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reduz a janela de oportunidade dos produtores para a venda da produção, contribuindo para a concentração no escoamento.

💥️Longe do ideal

“O ideal é que os armazéns estivessem próximos das regiões produtoras, assim como ocorre nos Estados Unidos, que tem capacidade estática para estocar mais de uma safra por ciclo”, anota Bertolini. As estatísticas mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que o Centro-Oeste detém praticamente 38,7% de toda a capacidade de armazenagem estática instalada no País, algo como 78,036 milhões de toneladas, diante de uma produção esperada em 140,335 milhões de toneladas na safra 2023/24, correspondendo a 46,8% da colheita total de grãos esperada para todo o País, que deverá produzir em torno de 299,751 milhões de toneladas caso não sobrevenham novas perdas até o final da safra. Como se observa, a produção na região, mesmo em baixa por conta do clima, deverá ser praticamente 80% maior do que a capacidade dos armazéns na região.

💥️Balanço

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