I love NY: a real história por trás dos logos das grandes cidades

Felipe van Deursen

Colaboração para Nossa

29/04/2023 04h00

"Não fique na rua após as 18h" era uma das dicas. "Não ande. Se tiver que sair do hotel à noite, não faça sozinho. Peça um táxi no balcão e aguarde no lobby. Repita o procedimento ao deixar restaurantes, teatros ou outras atividades noturnas." Era uma cidade quebrada, com uma dívida bilionária, 300 mil desempregados, serviços de coleta de lixo em greve e crime em ascendência.

Em meio ao caos social e econômico, o governo apostou em uma manobra ousada. Multiplicou por mais de dez o orçamento para o turismo do estado e investiu na criação e no posicionamento de uma marca, naquilo que os departamentos de marketing chamam de "branding".

Em 1977, o mundo conheceu aquela que se tornaria uma das logomarcas (e slogans) mais reconhecidas do planeta. Criada pelo designer Milton Glaser, o "I <3 NY" virou sinônimo da cidade, apesar de ter sido criado para promover todo o estado de Nova York. Foi um marco tão grande que o rascunho original, hoje, está no acervo do Museu de Arte Moderna (MoMA).

Simples, direta, sensível e universal, a marca virou um padrão a ser seguido no turismo. Especialmente porque deu certo: Nova York voltou a atrair multidões de visitantes e, após os atentados de 2001, o coraçãozinho virou um símbolo ainda mais poderoso para seus habitantes.

Segundo o "Dutch Amsterdam", o marketing da cidade agora quer focar mais em empresas, seja para convencê-las a abrir escritórios e filiais, seja na organização de feiras e congressos. O público que viaja a lazer, afinal, está mais que conquistado.

Isso não quer dizer que o "I amsterdam" esteja aposentado. Há outros letreiros, um no Aeroporto de Schipol, um outro, menor, que circula pela cidade e um no Amsterdam Museum.

O símbolo acabou criando tendência. Podemos ver andando por aí, sem sair do Brasil. Aracaju (SE), Bertioga (SP), Brejo dos Santos (PB), Campos Verdes (GO), Caxias do Sul (RS), Corrente (PI), Gravatá (PE), Indaiatuba (SP), Lindolfo Collor (RS), Londrina (PR), Manaus (AM), Olinda (PE), Piraquara (PR), Poços de Caldas (MG), Xanxerê (SC).


Ribeiro lembra que a logomarca é só uma parte da identificação de um lugar. "Os espaços na cidade são muito mais importantes que uma marca", diz a professora. "Atualmente colocaram um letreiro instagramável na entrada do Mercado Central de Belo Horizonte, um dos lugares mais interessantes da cidade. Isso vai aumentar o turismo? Não necessariamente. As pessoas se preocupam muito mais com a experiência que a cidade proporciona. Temos aí Rio de Janeiro, Salvador, Recife, cidades que têm na sua cultura uma marca muito mais forte que apenas uma logomarca."

Para ela, uma marca bem feita traz identificação das pessoas. "Quando eu digo 'eu amo' qualquer coisa, essa é uma afirmação muito séria. Uma marca bem-sucedida tem que ser capaz de demonstrar o amor por aquele lugar. Mas o amor pela cidade se demonstra na apropriação dos seus espaços pelas pessoas."

O que você está lendo é [I love NY: a real história por trás dos logos das grandes cidades].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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