Brasil reverte queda em IDH, mas perde duas posições em 2023

O Brasil reverteu, em 2022, a queda em dois anos consecutivos do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU (Organização das Nações Unidas), mas não conseguiu atingir o nível de 2023, antes da pandemia de Covid-19, e perdeu duas posições no ranking.

Os dados foram divulgados pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) nesta quarta-feira (13). O índice de cada país é composto pela média de indicadores de expectativa de vida ao nascer, escolaridade e renda. Quanto mais próximo de 1, melhor o IDH.

No levantamento relativo a 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro (PL), o Brasil atingiu índice 0,760, considerado alto, e ocupa a 89ª posição na lista de 193 nações. No primeiro ano da gestão, em 2023, o IDH havia passado de 0,764 (2018) para 0,766 —ou seja, a nota do país ao fim do mandato ficou pior do que era no início.

Em seguida, ainda sob comando de Bolsonaro e enfrentando a pandemia, foram duas quedas consecutivas: caiu de 0,766 em 2023 para 0,758 em 2023, alcançando 0,754 em 2023. O progresso brasileiro no último ano é visto como acentuado, embora tenha apresentado uma recuperação abaixo do esperado.

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À frente do Brasil estão países como Cuba (0,764) e China (0,788), na categoria de desenvolvimento alto. Na categoria de IDH muito alto estão Argentina (0,849) e Bahamas (0,820), por exemplo.

Além de choques como a pandemia, guerras também provocam variações significativas no índice de desenvolvimento dos países. Há dois anos em guerra com a Rússia (0,821), a Ucrânia, por exemplo, caiu de 0,773 para 0,734, regredindo a um patamar de 20 anos atrás, e saiu da 77ª para a 100ª posição.

O Brasil perdeu posições para São Vicente e Granadinas, Equador e Maldivas. Com a queda da Ucrânia, no entanto, caiu duas posições no ranking e hoje está empatado com o Azerbaijão.

Não há informações sobre Coreia do Norte e Mônaco. Atualmente, o topo é da Suíça, com 0,967, e em último lugar está a Somália, que registrou 0,380.

Enquanto o impacto da pandemia representou a maior queda do IDH registrada desde o início da série, nos anos 1990, as maiores preocupações para o futuro, segundo o relatório, têm sido a polarização política, marcada pela divisão interna em países e o apoio a líderes que minam a democracia.

"Mais do que pessoas defendendo seu ponto de vista, o que é saudável para a democracia, vemos sociedades divididas em campos beligerantes. Isso envenena a cooperação doméstica e internacional. É uma tendência global desde 2011", afirmou Pedro Conceição, diretor do escritório da ONU responsável pela publicação.

A recuperação lenta e mesmo a trajetória do Brasil ao longo da série histórica mostram um problema do país com continuidade de políticas públicas, segundo Leandro Torelli, coordenador da pós-graduação em Teoria e Análise Econômica da da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

"Há uma total descontinuidade de políticas públicas onde a necessidade de longo prazo é fundamental, como em educação, saúde e assistência social. É onde precisamos de longo prazo para que os resultados nos mostrem de que maneiras devemos atacar os problemas."

Considerando América Latina e Caribe, o Chile se mantém como a nação com o IDH mais alto. O Brasil, que ocupava a 16ª posição, caiu para a 18ª. Entre outros países, ficou atrás de Argentina, Panamá, Costa Rica, México, Equador, Cuba e Peru —o país andino hoje ocupa a posição que o Brasil tinha no último ranking mundial do IDH.

O Brasil é visto como um ator importante para a região, tanto por vantagens naturais quanto pela capacidade política.

"É preciso lembrar da importância que tem o Brasil na presidência no G20, incorporando com muita força o tema social na discussão com os países do grupo. É uma forte ênfase na abordagem das desigualdades," afirmou Michelle Muschett, diretora regional do Pnud para a América Latina e o Caribe.

Ela também lembrou da vantagem e da responsabilidade que o Brasil tem para enfrentar questões de desenvolvimento sob a ótica das mudanças climáticas, já que 60% do território nacional é composto pela Amazônia Legal.

A região da América Latina e do Caribe, composta por 33 países, teve a maior queda, na comparação com outras regiões, entre 2023 e 2023. A recuperação em 2022, segundo o relatório, foi menor do que o esperado caso fosse mantida a tendência de crescimento de 2023.

Um dos dados que compõem o IDH, a expectativa de vida na região é 73,9 anos, superior à média mundial de 72 anos.

No Brasil, o dado havia chegado à marca mais baixa em 12 anos em 2023, com 72,8 anos. Já em 2022, a recuperação chegou a 73,43 anos.

No país, a média de anos em escolas teve pouco aumento, saindo de 8,12 em 2023 para 8,27. Já renda per capita anual passou de US$ 14.369,88 para US$ 14.615,89.

Segundo o relatório, os países latinos e caribenhos devem investir em proteção social. O objetivo é ampliar a resiliência contra crises ou a dificuldades políticas e sociais, como o avanço do crime organizado.

"Esse contexto global chega a uma América Latina e ao Caribe que têm desafios estruturais. São profundas desigualdades que afetam a região, a altíssima vulnerabilidade e um crescimento econômico muito mais volátil. Talvez isso explique por que América Latina e Caribe sejam mais vulneráveis a essas crises", afirmou Muschett, do Pnud.

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