Relatório da PF no caso Marielle abre crise com Promotoria do RJ

O relatório da Polícia Federal no caso Marielle Franco (PSOL) gerou uma crise entre a equipe envolvida na investigação com integrantes do Ministério Público do Rio de Janeiro.

O MP-RJ divulgou nota nesta quinta-feira (28) afirmando que "não medirá esforços para enfrentar as vis tentativas de desqualificar o trabalho executado por suas estruturas".

O texto não faz críticas diretas à PF e afirma que o posicionamento busca "refutar as alegações que têm sido ventiladas a partir do relatório" da corporação. A nota, porém, ecoa o incomodo de diferentes promotores que se envolveram no caso com o documento enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal).

A PF prendeu no domingo (24) o deputado Chiquinho Brazão e seu irmão, Domingos, sob suspeita de encomendarem a morte da vereadora, e o delegado Rivaldo Barbosa, sob alegação de que ajudou a planejar e impedir a investigação do crime.

A principal queixa de membros da instituição se deve ao fato do relatório da PF apontar a resistência pela federalização da investigação logo após o crime como uma forma de dificultar a apuração.

Um dos membros da instituição mencionados é o ex-procurador-geral de Justiça Eduardo Gussem. O relatório afirma que ele fez coro ao delegado Rivaldo Barbosa em recusar a entrada na PF no caso logo após o crime.

"Quando fixou a exigência [aos supostos mandantes] de que o crime não poderia partir da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, Rivaldo já arquitetava a repulsão à atuação dos órgãos de persecução penal federais, notadamente a Polícia Federal, uma vez que perderia o pleno controle da apuração que lhe envolvia", diz o relatório da PF.

"Este coro fora entoado, outrossim, pelo então procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, José Eduardo Gussem, quando afirmou o desejo de 'evitar que a investigação passe para a esfera federal'."

Gussem afirma que nunca conversou sobre a federalização com autoridades de outras instituições. Disse que buscou defender a prerrogativa do MP-RJ em atuar no caso e que tratou-se de uma "questão técnica".

"O STJ, por unanimidade, rechaçou o pedido de federalização, por meio do Incidente de Deslocamento de Competência formulado pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Rechaçou sob o argumento de que houve açodamento e precipitação", disse Gussem.

"Não podemos nos esquecer de que foram as autoridades estaduais que chegaram, em um ano, aos executores do crime —Ronnie Lessa e Elcio Queiroz. Hoje, com as delações feitas pelos dois homicidas confessos, a única certeza que permanece é a de que eles foram os autores do bárbaro delito."

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